ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 19-4-2002.

 


Aos dezenove dias do mês de abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Marcelo Danéris, Paulo Brum, Raul Carrion e Sofia Cavedon. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Estilac Xavier, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo, Valdir Caetano e Zé Valdir. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e foi aprovada a Ata da Vigésima Terceira Sessão Ordinária. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador Ervino Besson, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador João Antonio Dib, o Pedido de Informações nº 111/02 (Processo nº 1530/02); pelo Vereador João Carlos Nedel, 09 Pedidos de Providências; pelo Vereador Sebastião Melo, o Requerimento nº 071/02 (Processo nº 1545/02). Ainda, foi apregoado o Memorando nº 044/02, de autoria do Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, informando que o Vereador Carlos Alberto Garcia representará externamente este Legislativo no ato de entrega das obras de ampliação da Escola Estadual de Ensino Fundamental Itália, a ser realizado hoje, às dez horas. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nºs 10175730, 10176239, 10176494 e 10176495/02, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde; 587/02, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano da Caixa Econômica Federal - CEF. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Edmundo Flores, representante da Igreja Evangélica Todos Benvindos em Nome de Jesus, que se manifestou sobre os problemas enfrentados pelos usuários do sistema de transporte coletivo da Capital, salientando o tratamento dispensado à população idosa nos ônibus. Também, teceu considerações acerca da situação social e econômica enfrentadas pelos desempregados e trabalhadores gaúchos segurados pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS. A seguir, foi iniciado o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do qüinquagésimo sétimo aniversário do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS, nos termos do Requerimento nº 002/02 (Processo nº 0004/02), de autoria do Vereador Raul Carrion. Compuseram a Mesa: o Vereador José Fortunati, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; a Senhora Juçara Maria Dutra Vieira, Presidenta do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Raul Carrion, justificando os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem, ressaltou as atividades desenvolvidas pelo Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS, historiando a fundação deste sindicato. Também, discorreu acerca da importância das paralisações desta entidade pela valorização do trabalho do professor e pela qualificação do ensino público neste Estado. A Vereadora Sofia Cavedon, parabenizando o Vereador Raul Carrion pela iniciativa de propor a presente solenidade, prestou sua homenagem ao Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS. Também, destacando a importância do profissional da educação para a garantia da qualidade dos ensinos fundamental e médio no Rio Grande do Sul, comentou a atuação da categoria na elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB. O Vereador Antonio Hohlfeldt, destacando as qualidades morais e a trajetória pessoal e profissional da Senhora Juçara Maria Dutra Vieira, pronunciou-se acerca da sistemática de atuação do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS. Também, congratulou os filiados deste Sindicato pelo aniversário dessa instituição, salientando a importância dos trabalho dos professores para a garantia dos direitos dos alunos estabelecidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença de alunos e das Monitoras Inês Simon, Mara Souza e Regina Abbud, do Centro da Juventude de Porto Alegre - CJPOA - da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor - FEBEM, informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem do Projeto de Educação Política desenvolvido pelo Memorial desta Casa junto a escolas e entidades de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Carlos Alberto Garcia, homenageando o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS - pelo transcurso de seu qüinquagésimo sétimo aniversário, teceu considerações acerca da época em que Sua Excelência foi aluno de escola pública e membro desse Sindicato. Também, discorreu acerca da importância do profissional de educação na formação moral, social e política do corpo discente. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Juçara Maria Dutra Vieira, que destacou a importância da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre ao qüinquagésimo sétimo aniversário do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul - CPERS. Às dez horas e quatorze minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às dez horas e dezesseis minutos, constatada a existência de quórum. Após, foi apregoado Requerimento firmado pelo Vereador Cassiá Carpes, Líder da Bancada do PTB, solicitando, nos termos do artigo 218, § 6º, do Regimento, Licença para Tratamento de Saúde para o Vereador Elói Guimarães, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na vereança o Suplente Elias Vidal, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Constituição e Justiça. A seguir, o Vereador Juarez Pinheiro formulou Requerimento verbal, solicitando a aplicação do artigo 19, II, "j", do Regimento, que dispõe ser atribuição do Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre devolver ao Autor proposição manifestamente inconstitucional ou ilegal, ou que contenha expressões anti-regimentais, ao Requerimento nº 071/02 (Processo nº 1545/02), de autoria do Vereador Sebastião Melo, tendo o Senhor Presidente determinado que a matéria fosse submetida à apreciação da Procuradoria da Casa e informado que, posteriormente, o tema seria submetido à consideração da Mesa Diretora. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Luiz Braz, discursando acerca da qualidade da água distribuída para a população porto-alegrense pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE, procedeu à leitura de laudo emitido por laboratório de análises bioquímicas sediado nesta Capital. Também, tecendo críticas às políticas de saneamento básico adotadas pelo Executivo Municipal, chamou a atenção para a qualidade da água consumida pela comunidade do Bairro Lomba do Pinheiro. O Vereador Juarez Pinheiro manifestou-se favoravelmente à decisão exarada pelo Tribunal Superior Eleitoral, a qual estabelece a verticalidade obrigatória das coligações partidárias para as próximas eleições, ressaltando a importância desta medida no que tange à consolidação das candidaturas já existentes à Presidência da República. Também, comentou a trajetória política dos candidatos ao cargo de Presidente da República pelos Partidos Popular Socialista - PPS - e da Social Democracia Brasileira - PSDB. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Estilac Xavier contraditou o pronunciamento efetuado pelo Vereador Luiz Braz em Comunicações, o qual versou sobre a qualidade da água fornecida à população de Porto Alegre pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE. Também, manifestou-se sobre artigo divulgado pelo Vereador Sebastião Melo, o qual criticava Projetos de Lei do Executivo atualmente em tramitação nesta Casa, que prevêem a criação de cargos públicos. Após, o Vereador Sebastião Melo manifestou-se sobre o envio, a este Legislativo, dos Relatórios de Atividades e dos Balanços alusivos às Administrações Direta e Indireta do Município, mencionando a ausência do Relatório de Atividades da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC. Também, formulou Requerimento verbal, solicitando a devolução dos referidos documentos ao Senhor Prefeito Municipal, a fim de que as informações sejam complementadas, tendo o Vereador Marcelo Danéris manifestado-se a respeito desse assunto e sobre o uso do microfone de apartes do Plenário Otávio Rocha e tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre esses temas. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Ervino Besson teceu considerações sobre problemas verificados na qualidade da água potável distribuída pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos - DMAE - na zona sul da Cidade. Também, relatou reuniões das Comissões de Saúde e Meio Ambiente e de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, realizadas ontem, nas quais foram debatidas questões atinentes ao sistema público de saúde do Município e a atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC. O Vereador Pedro Américo Leal registrou o transcurso, no dia de hoje, do Dia do Exército, analisando aspectos alusivos à destinação do dia dezenove de abril para essa comemoração, salientando a importância das atividades desempenhadas pelo Exército Brasileiro para a manutenção da soberania e da segurança nacionais, notadamente na região amazônica brasileira e citando personalidades históricas que tiveram participação decisiva na formação e evolução do Exército Brasileiro. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença do Vereador Eugênio Porto, do PT do Município de Tramandaí - RS. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Cassiá Carpes dissertou sobre a aliança que está sendo estabelecida por partidos políticos que defendem ideologias fundadas no trabalhismo, a fim de indicar candidatos para as próximas eleições. Também, criticou a atuação do Executivo Municipal, mencionando reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, realizada ontem, na qual foi debatida a atuação dos fiscais de trânsito da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC. O Vereador Nereu D'Avila informou ter participado, no dia de ontem, em Brasília - DF, de reunião com integrantes do Partido Democrático Trabalhista - PDT, com vistas à realização de uma pré-convenção entre esse partido, o Partido Trabalhista Brasileiro - PTB e o Partido Popular Socialista - PPS, a fim de formalizar uma coligação entre essas agremiações partidárias para indicar os candidatos à Presidência e à Vice-Presidência da República. Também, procedeu à leitura de nota oficial expedida pelo PDT, alusiva ao assunto. O Vereador João Antonio Dib referiu-se ao transcurso, hoje, do centésimo décimo primeiro aniversário de nascimento do Senhor Getúlio Vargas, ex-Presidente da República Federativa do Brasil, bem como do octogésimo aniversário da primeira eleição do Senhor Getúlio Vargas como Deputado Estadual. Ainda, teceu críticas ao Executivo Municipal pela adoção do sistema de cartas-contrato para a admissão de servidores, notadamente para a área da saúde e pela ausência de resposta a Pedidos de Providências encaminhados pelos Senhores Vereadores. O Vereador Fernando Záchia pronunciou-se sobre a reunião realizada ontem pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, destinada a debater denúncias de irregularidades na atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, notadamente no que se refere à suposta orientação dada por essa Empresa aos seus fiscais de trânsito para que busquem aumentar o número de multas aplicadas aos condutores porto-alegrenses e não promovam autuações contra determinadas pessoas. Na ocasião, face ao Requerimento anteriormente formulado pelo Vereador Sebastião Melo, solicitando a devolução, ao Executivo Municipal, dos Relatórios de Atividades e dos Balanços das Administrações Direta e Indireta do Município, a fim de que seja anexado aos mesmos o Relatório de Atividades da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos sobre o Ofício nº 302/02, de autoria do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, através do qual os referidos documentos foram encaminhados a este Legislativo e informando que o Relatório de Atividades da EPTC não foi encaminhado na ocasião por não ter sido realizada, em tempo hábil, a pertinente Assembléia dos Acionistas dessa Empresa e comunicando que o envio desse documento deverá ser feito ainda hoje. Também, a Vereadora Maristela Maffei manifestou-se sobre o pronunciamento efetuado pelo Vereador Fernando Záchia em Comunicação de Líder, tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o tema. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 034, 035, 036, 037, 041, 038 e 039/02, os dois últimos discutidos pelos Vereadores Adeli Sell, Sofia Cavedon e João Antonio Dib, e 040/02, discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Juarez Pinheiro, Estilac Xavier e João Antonio Dib, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 064, 071, 072, 073 e 074/02, os Projetos de Resolução nºs 065 e 066/02, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 006/02; em 2ª Sessão, o Projeto de Resolução nº 064/02, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 062, 065 e 067/02, os Projetos de Lei do Executivo nºs 031, 032 e 033/02; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 055/02. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Paulo Brum discorreu sobre Ofício enviado a Sua Excelência pelo Senhor Marcelo Beckhausen, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, informando a instauração de procedimento administrativo com vistas à extensão, para portadores de deficiência domiciliados em Porto Alegre, dos benefícios de liminar concedida pelo Poder Judiciário de Passo Fundo - RS, através da qual ficou estabelecida a renda máxima de meio salário mínimo como condição para a postulação de benefício previdenciário por portadores de deficiência e idosos. O Vereador Raul Carrion registrou o transcurso, amanhã, do centenário de fundação da Associação Satélite Prontidão, destacando as atividades socioculturais desenvolvidas por essa instituição em prol da etnia negra em Porto Alegre. Também, convidou a todos para participarem do Seminário Estadual de Formação e Mobilização sobre a Área de Livre Comércio das Américas - ALCA, que se realizará nos dias vinte e vinte e um de abril do corrente, nas dependências do Colégio Estadual Protásio Alves. A Vereadora Clênia Maranhão manifestou-se acerca do Projeto de Lei do Executivo nº 040/02, que dispõe sobre a criação de cargos públicos para prover o quadro funcional do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Também, discorreu sobre reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos realizada ontem, para tratar de denúncias de irregularidades administrativas ocorridas na administração da Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC. O Vereador Haroldo de Souza, citando o livro "A Fogueira das Vaidades", do escritor Tom Wolfe, analisou criticamente as relações políticas estabelecidas entre as agremiações partidárias, no que diz respeito às próximas eleições gerais. Nesse sentido, teceu considerações acerca da postura adotada pelos partidos políticos que professam a ideologia trabalhista, relativamente à definição do candidato dessa coligação ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul. O Vereador Marcelo Danéris pronunciou-se sobre os debates realizados na reunião ocorrida ontem, promovida pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, com a participação do Sindicato dos Agentes de Fiscalização do Trânsito e Transporte do Município de Porto Alegre - SINTRAN. Também, referiu-se às propostas salariais e de condições de trabalho encaminhadas pela Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC ao referido sindicato. A seguir, o Vereador Sebastião Melo apresentou Requerimento, procedendo à entrega do mesmo ao Senhor Presidente, solicitando seja convocado, para depor na Comissão de Constituição e Justiça, o Senhor Coordenador das Relações com a Comunidade - Orçamento Participativo, para prestar esclarecimentos sobre a duplicação de votos de inscritos ocorrida durante as plenárias realizadas nas reuniões temáticas no dia quinze de abril do corrente neste Legislativo. Também, solicitou que esta Casa investigue a postura adotada pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre no dia dezenove de abril do corrente, a qual, segundo Sua Excelência, exerceu censura sobre o programa "Comunidade em Ação", veiculado pela Rádio Esperança, bem como os comentários diários do Senhor Marcos Bernardi, titular desse programa, e solicitou a convocação da Senhora Vera Quadrado Spolidoro, dos diretores da Rádio Esperança e do comunicador titular do referido programa para deporem na Comissão de Constituição e Justiça sobre essa questão. Na ocasião, o Vereador Marcelo Danéris formulou Requerimento verbal, solicitando que o Senhor Presidente da Comissão de Constituição e Justiça se manifestasse sobre o Requerimento apresentado pelo Vereador Sebastião Melo, acima referido. Também, face Questão de Ordem e manifestação do Vereador Isaac Ainhorn, o Senhor Presidente prestou esclarecimentos acerca dos dispositivos regimentais que regulamentam a apresentação e apreciação de Requerimentos que solicitam manifestação da Comissão de Constituição e Justiça. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Luiz Braz reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador Estilac Xavier em Comunicações, no que se refere às atribuições pertinentes ao exercício do mandato de Vereador da Cidade de Porto Alegre. Ainda, discorreu sobre as condições estruturais e funcionais da Escola Estadual Dom Diogo de Souza, criticando o posicionamento adotado pela Secretaria Estadual de Educação no intuito de dirimir os problemas verificados na referida escola. A seguir, o Vereador Estilac Xavier formulou Requerimento verbal, solicitando fosse concedido a Sua Excelência o tempo de Explicação Pessoal previsto no artigo 184, parágrafo único, do Regimento, o que foi indeferido pelo Senhor Presidente e tendo o Vereador Estilac Xavier formulado Requerimento verbal, solicitando manifestação da Diretoria Legislativa e da Procuradoria da Casa sobre o assunto. Também, o Senhor Presidente informou o recebimento de "folder" enviado pela Casa do Artista Riograndense, convidando os Senhores Vereadores para participarem da festa de lançamento da campanha "Um Ato de Solidariedade", que se realizará no dia vinte e três de abril do corrente, às vinte horas, no Theatro São Pedro. A seguir, constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do Legislativo nº 236/01, com Veto Total, que foi discutido pelos Vereadores Adeli Sell, Estilac Xavier, Luiz Braz e João Antonio Dib. Na ocasião, o Senhor Presidente informou que, nos termos do Memorando nº 092/02, do Serviço de Obras e Manutenção deste Legislativo, será procedida à substituição das gavetas das tribunas dos Senhores Vereadores no Plenário Otávio Rocha após o término dos trabalhos da presente Sessão, solicitando que os Senhores Vereadores deixassem as referidas gavetas abertas e desocupadas para a realização desse serviço. Às treze horas e sete minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati, Paulo Brum e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Paulo Brum. Do que eu, Paulo Brum, 2ª Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Sr. Edmundo Flores, representando a Igreja Evangélica Todos Bem-vindos em Nome de Jesus, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.

 

O SR. EDMUNDO FLORES: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, bom-dia! Embora não esteja ótima a situação dos passageiros do transporte coletivo, como nós queríamos, está boa; a saúde não está ótima, mas está boa. A situação dos empregados gaúchos está grave. Vossas Excelências lêem os jornais, acompanham a mídia, e não preciso falar do número de desempregados nesta Capital, e nem dizer da situação por que estão passando os desempregados gaúchos, por falta de emprego - às vezes fazem biscate -, de oportunidade de trabalho, e pode até ser uma capina. São pais de famílias vendo seus filhos sofrendo, às vezes sem ter um pão para repartir, e ficam desnutridos, lotando os hospitais. O Governo da Capital, os Governos Municipais não sabem mais como atender nos hospitais, porque falta colaboração do Governo Federal, que há muito tempo se reelegeu levantando a mão e mostrando os cincos dedos, dizendo que tinha cinco projetos.

Srs. Vereadores e Srs. Vereadoras, que estão preocupados com a situação do desemprego, com os passageiros do transporte coletivo e os segurados do SUS. Quero falar um pouquinho também sobre o transporte coletivo. Está bom, não está ótimo. Srs. Vereadores, felizmente, eu vi um Vereador descendo do ônibus, na frente da Casa do Povo - não vi ainda os outros, talvez porque não foi possível –: foi o Ver. Sebastião Melo. Gostei, pois para fiscalizar tem de andar de ônibus, pois eles não têm fiscalização. Aqui vai cair pau dos dois lados, além de elogios, se houver merecimento. Não tem fiscais nos ônibus, os empresários trabalham bem. A Secretaria de Transportes faz o que pode, a CARRIS está sendo ótima. Agradeço à Direção e aos Prefeitos que atendem a CARRIS. A CARRIS merece elogios não só de mim.

Sobre a situação na Saúde, retornando, não precisamos falar muito, porque os Senhores sabem. Agora falo da minha preocupação com o transporte coletivo – e eu misturo, são três movimentos, e só posso falar dez minutos e não dá tempo de esta liderança falar.

Claro que agradeço esta tribuna ao Presidente da Casa, que me outorgou, e já é a quarta Tribuna Popular que utilizo nesta Casa. A minha preocupação com o transporte coletivo, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, é com os idosos, por que existe uma lei que ampara a utilização dos primeiros bancos, mas os idosos de passe livre – e lutei muito no tempo do Collares para acabar com as filas e ele me ajudou, a meu pedido – não podem sentar nos bancos dianteiros, porque sempre tem um pai ou uma mãe com uma criança sentados. Isso é uma falta de respeito para com os idosos. Peço uma fiscalização da Secretaria de Transporte, que também muito me tem ajudado por meio do Secretário Bertotto.

Quero aqui ler um pouco de agradecimentos ao Vereador – não sei se está aqui, ele está presente; os outros Vereadores e Vereadoras que não chegaram devem estar ouvindo - que foi ao evento de desempregados, dos passageiros do transporte coletivo e segurados do SUS. Eu também agradeço, não à sua presença, mas à presença de seus assessores, o único Vereador que esteve lá e que tem um projeto em favor dos desempregados, que passa nessa Casa sem demora – informo que os desempregados não estão aqui, porque não têm vale-transporte, não têm emprego, não têm alimentos e estão sofrendo – foi o Ver. Raul Carrion, que nos deu a honra de comparecer em nossas comissões ali, não com os desempregados –, a maioria porque não têm vale-transporte, não têm maneira de chegar ali. Mas, Srs. Vereadores, nós lutamos, sim, por esses pais de família que ficaram desempregados, e que podem provar com a carteira assinada. O passe livre não é para aqueles que nunca quiseram trabalhar; é para todos, desde jovens de dezessete anos, até pessoas de sessenta anos, que estão desempregados e, muitas vezes, são doentes. É a partir dos sessenta anos. Jovens e pessoas de meia-idade que não têm emprego não podem andar de ônibus, pois o passe livre é a partir de sessenta anos.

Eu quero agradecer ao Ver. Raul Carrion, do PC do B, que foi o único Vereador que esteve presente, e aos demais Vereadores que colaboraram com o ingresso. Espero que no próximo evento desta Casa nos dêem oportunidade. Agradecemos ao Presidente do Sindicato dos Funcionários Municipais, a todos os funcionários da Casa, a todos que ali estiveram, a todos os assessores – o assessor do Ver. João Antonio Dib esteve lá. Muito obrigado ao Ver. Isaac Ainhorn, que não foi, mas foi a Rosa. O Isaac gosta muito de falar “água, água, água”, não sei por quê. Ele não está aqui, nunca o Partido dele se manifestou, mas, Ver. Besson, o senhor está aí e pode ser que se manifeste. O PDT foi o único que não se manifestou. Todos os Partidos, nas reuniões passadas, se manifestaram a favor dos desempregados. A minha preocupação é esta, sim. E eu esperava a presença das Vereadoras aqui e lá no evento. Elas também não foram; eu confiava bastante nas mulheres, e continuarei confiando. Eu convido os Vereadores que não foram para irem na próxima, não para ajudar o Flores, mas sim as flores gaúchas e porto-alegrenses, que estão passando fome. Não tem mais cemitério para enterrar, repito!

Para concluir, quero agradecer à Prefeitura de Porto Alegre, desde a época do então Prefeito Olívio Dutra, hoje Governador, que colocou água no Morro da Polícia e nas Vilas, a meu pedido. O Collares, do PDT, Ver. Ervino Besson, me ajudou tão-somente a fazer a caixa d’água no Morro da Polícia, e em outras Vilas ele começou, mas quem concluiu foi o Prefeito Olívio Dutra. E Tarso Genro fez todas as ligações. Eu quero dizer ao Ver. Isaac Ainhorn, que não está presente, que pare um pouco de falar em água, pois a água está cara para os ricos dele, mas a Prefeitura está dando água gratuita para as vilas, o que é direito social. Ele não vai visitar as vilas, ele não vai visitar o Orçamento Participativo, ele não tem ninguém na minha grande Glória, na Cruzeiro do Sul, dentro do Orçamento Participativo. Quem quer falar tem de estar junto; ele não anda de ônibus! Que ele pare de falar em água e visite os pobres e os movimentos de apoio da Bancada do PDT, que conheço - já falei para o Collares. Quanto ao convite ao Zambiasi, Presidente da Assembléia, que fiz, também não apareceu e nem mandou assessores, o que me preocupou, porque ele é do meu Partido, e a partir de hoje estou saindo do PTB, agradecendo ao Zambiasi e aos companheiros. Vou ficar com os três movimentos estaduais, apartidário. Olha, “pam” neles que não vieram dar valor ao nosso exército, Ver. Pedro Américo Leal, exército de pobres no Estado do Rio Grande do Sul, do País, culpa deste Governo Federal, que se reelegeu, maltratando a saúde no País, no Estado e no Município, sim. O chamado Serra nós vamos serrar com “pam, pam, pam”, mas não é bala, é palavra, meu prezado Ver. Raul Carrion, que esteve presente lá.

Estivemos junto com o PC do B, sim, que é guerreiro, que entrou na casa do Presidente. Não só na casa, mas entrou com palavras nas casas de muitas elites, Vereadoras e Vereadores.

Eu quero que, na próxima vez, estejam mais Vereadores presentes, quando estiverem reunidos três movimentos estaduais, não por causa desta liderança, mas pelo povo que está sofrendo no transporte coletivo, pelos segurados do SUS e pelos desempregados gaúchos, que lotaram esta Casa, Ver. Raul Carrion, e demais Vereadores que nos dão apoio. Não vou citar todos os nomes, mas quero citar o Ver. Estilac Xavier, que muito nos ajudou e também o Sr. Presidente, que também nos apoiou. Mas os Vereadores gremistas e colorados não se manifestaram a favor dos desempregados no dia de ontem. Espero que isso não se repita numa próxima oportunidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradecemos a presença do Sr. Edmundo Flores, que falou em nome da Igreja Evangélica Todos Bem-vindos em Nome de Jesus e se referiu aos passageiros dos transportes coletivos, aos segurados do SUS e aos desempregados gaúchos.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Teremos, hoje, um período destinado a assinalar o transcurso do 57.º aniversário do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, CPERS, nos termos do Requerimento n.º 002/02, de autoria do Ver. Raul Carrion. Convido a Sr.ª Juçara Maria Dutra Vieira, Presidenta do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, CPERS, a fazer parte da Mesa.

O Ver. Raul Carrion está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores; Sr.ª Juçara Maria Dutra Vieira, Presidenta do CPERS; demais representantes do CPERS; professores e professoras, todos que nos assistem aqui e em suas casas pela TV Câmara, quero, em primeiro lugar, agradecer a esta Casa pela decisão unânime referente à nossa proposição, no sentido de homenagearmos uma trajetória tão importante como a do CPERS-Sindicato.

No dia 21 de abril de 1945, há cinqüenta e sete anos, que serão completados neste domingo, um aguerrido grupo de professores, constituído basicamente por mulheres, fundou o Centro de Professores Primários Estaduais, lançando as bases para a criação do CPERS, transformado, em 1989, em CPERS-Sindicato.

A sua trajetória, desde então, é marcada por uma luta constante pela qualificação da educação pública, pela valorização do trabalho dos professores e pela participação na luta geral dos trabalhadores gaúchos e brasileiros por um Brasil mais justo, mais democrático e soberano.

A valentia do magistério gaúcho tem-nos dado grandes lições de cidadania. Sua autonomia frente aos governos e aos partidos é uma marca indelével. Sua história está marcada por grandes greves da categoria, em geral para garantir conquistas já asseguradas em lei e acordos salariais descumpridos. Nesse sentido, é a primeira categoria no Rio Grande do Sul e a segunda no Brasil a realizar uma greve após o golpe militar de 64. E a grande greve de 1979 não foi só por aumento salarial e pela dignidade profissional; mais do que por isso, os professores lutavam pelas liberdades democráticas e pela anistia. A essa greve seguiram-se muitas outras - a de 1980, de 1982, 1985, 1987, 1988, 1989, 1990, 1991 e 1999 -, sob os mais diversos governos, muitas vezes enfrentando os fuzis, sem nunca fraquejar; nem sempre vitoriosas, mas sempre heróicas.

A partir de 1985, a sineta passou a ser o símbolo do magistério gaúcho, apesar de a entidade ter a sua bandeira e o seu hino oficial. O som da sineta, além de marcar o início e o término das aulas, passou a significar a luta dos professores por dignidade, por respeito e por um Brasil mais fraterno e mais justo.

Algo digno de nota é que, contrariando a nossa cultura machista, a maioria das presidências da entidade foi ocupada, nesses cinqüenta e sete, anos por mulheres. Das vinte e quatro presidências, vinte foram ocupadas por mulheres. Nesse ensino, aprendizado permanente de cidadania, o professorado forjou a sua consciência de classe e soldou sua aliança com o conjunto dos trabalhadores na luta por uma nova sociedade, sem explorados e sem exploradores.

Temos também, nesta Casa, tramitando - e esperamos que seja aprovado em breve -, um Projeto concedendo o Prêmio Mérito Sindical ao CPERS-Sindicato.

Longa vida para o CPERS-Sindicato e para a sua luta, que é a de todos os trabalhadores brasileiros! Pela dignidade dos trabalhadores do ensino, pelo ensino público gratuito e de qualidade e por um novo Brasil, mais justo, mais fraterno e cada vez mais soberano! Muito obrigado pela honra de podermos, na data de hoje, homenagear tão importante entidade, com a qual, inclusive, tive o privilégio de, em muitas lutas, compartilhar e ser parceiro. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Marcelo Danéris.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, cara companheira Juçara Maria Dutra Vieira, presidente do CPERS-Sindicato, entidade a quem devemos uma história preciosa de luta e de construção do que somos hoje: protagonistas de uma nova educação neste País e neste Estado.

Gostaria de cumprimentar o Ver. Raul Carrion por esta homenagem justa, porque este Sindicato é símbolo para o Rio Grande do Sul, para o País e, tenho certeza, para a América Latina, de como podem os trabalhadores organizados ser muito fortes, de como podem incidir sobre as políticas públicas, de como podem ajudar os demais trabalhadores, no sentido de, como classe, organizar uma luta unificada para modificar as suas condições.

O CPERS se destaca e tem essa história poderosa, creio, por estas duas características: pela sua capacidade de bem representar as questões corporativas dos professores, e de, enraizado, organizado, desde os representantes da escolas, dos núcleos, do seu conselho geral, das assembléias, dos congressos, esse enraizamento ter uma capilaridade, uma capacidade de diálogo, de percepção das necessidades dos professores, de trabalhar com informação, com esclarecimento, com mobilização, e, ao mesmo tempo, ser um combativo sindicato que se integra às lutas gerais, que dialoga com os demais trabalhadores, que pauta as questões de lutas, inclusive para a sua categoria. Logo, politiza, no sentido positivo da contextualização das lutas, da capacidade de fazer um movimento qualificado, com clareza de conjuntura e com incidência na conjuntura, e não é um movimento que é focado no corporativismo, portanto desligado das lutas gerais muitas vezes sem capacidade de sucesso.

Eu gostaria de ressaltar aqui esse protagonismo, principalmente em relação à organização nacional dos trabalhadores de educação. São poucas as categorias que têm a capacidade que os trabalhadores de educação têm de incidir na elaboração das leis gerais da educação, de se organizar nacionalmente, de fazer dois congressos nacionais - está para sair o terceiro - da sociedade civil, onde se propõe o Plano Nacional de Educação. E o CEPRS é protagonista disso, está no centro dessa organização. Em quantas marchas a Brasília o CPERS engrossou fileiras? Quantas marchas gerais houve em que os trabalhadores do CPERS, presentes, mobilizaram os seus trabalhadores? Quantas lutas que foram roubadas, mas que foram símbolos da organização dos trabalhadores, como foi o Plano Nacional de Educação, que tramitou no Congresso Nacional, que foi desrespeitado pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso? Mas isso foi fruto da mobilização que traz saldo, sim, para a nossa escola pública, para a educação pública.

Chamo a atenção pelo vigoroso e demorado debate que fez o CPERS, e que chegou à filiação à Central Única dos Trabalhadores. Um sindicato com esse tamanho, com o tamanho da diversidade da sua base, consegue politizar, fazer um debate, com a qualidade que fez, e filiar-se a uma Central Única dos Trabalhadores, expressando esse compromisso com as lutas mais gerais.

Quero ainda ressaltar que, se hoje nós temos experiências de escola pública de qualidade espalhando-se pelo País inteiro, se o Brasil é protagonista de uma nova escola, é porque o CPERS, paralelamente à sua luta por condições, por valorização dos trabalhadores, em que foi protagonista da unificação do trabalhador professor com o trabalhador funcionário, e isso é fundamental, também sempre pautou a sua atuação na discussão e na disputa pela qualidade da escola pública, que nunca esteve descolada da luta dos trabalhadores na visão do CPERS, com seus encontros de educação, com seus debates das políticas para a educação que diferentes governos propuseram neste Estado, fazendo uma presença muito forte, sento propositivo, questionando políticas pedagógicas, participando da elaboração de planos de governo, questionando essas políticas, sendo propositivo, sendo forte e mobilizador. Se hoje a escola pública apresenta um protagonismo que, inclusive, ensina a escola particular, é porque o movimento que é protagonizado pelo CPERS-Sindicato não é um movimento estreito; é um movimento que pensa a escola pública de qualidade, que mostra, e dialoga com a sociedade, que a luta dos trabalhadores é por uma escola pública de qualidade; portanto, é a luta de todas as pessoas.

Parabéns ao CPERS Sindicato! Que a sua grandeza tenha essa característica. Longa vida ao CPERS-Sindicato! Que possamos, cada vez mais, diante de uma situação de perda cada vez maior de direitos do trabalhares, seguir exemplos como o do CPERS e conquistar sempre novas formas de organização, para inverter essa ordem social. Parabéns, Juçara! A luta continua! Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Paulo Brum.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, especialmente Professora Juçara Maria Dutra Vieira, Presidente do CPERS, quero agradecer, em primeiro lugar, ao Ver. Paulo Brum, que me fez a cedência deste tempo na Liderança do PSDB. Quero dizer à Juçara que falo não só em meu nome, mas em nome do Ver. Paulo Brum. À Juçara, que tenho orgulho de dizer que é minha amiga particular, aos companheiros do CPERS, quero dizer da nossa discordância, muitas vezes, em relação ao andamento de algumas questões, do modo como são encaminhadas pelo CPERS no Estado do Rio Grande do Sul. E digo isso com absoluta tranqüilidade e absoluta lisura, porque é assim que ocorre em uma democracia.

Mesmo na diferença, podemo-nos respeitar e trazer a homenagem do PSDB não só à entidade quanto à classe que essa entidade representa. Sei que a Juçara não gostaria que eu fizesse isso, mas eu quero, através da pessoa da Juçara, fazer uma homenagem a cada professor representado pelo CPERS.

Conheci a Juçara, não vou dizer há muito tempo, mas vou dizer há algum tempo, quando a Prof.ª Juçara Dutra Vieira era uma professora na Cidade de Vacaria – Boa terra, Ver. João Antonio Dib! – e brigava para exercer a sua profissão como professora, numa cidade relativamente pequena. Professora universitária, enfrentando os desafios do trabalho, inclusive tendo a responsabilidade dividida entre a sua casa e a escola. Transferiu-se depois para Porto Alegre, sempre integrada ao CPERS, professora representante da área, depois na direção do CPERS, enfim, a Presidente do Centro de Professores. Através da Juçara, nós podemos fazer muito bem o que é um perfil de um professor, talvez mais difícil, muitas vezes, para as professoras, porque elas têm que, mais do que os professores, repartir o seu tempo de escola e o seu tempo de casa, de família. Mas o desafio, a tarefa do professor, e aí falo também um pouco a partir da minha experiência pessoal, é uma tarefa fundamental para o País, para o Estado, para a Cidade. Por isso, Juçara, eu fiz questão, alertado pelo Ver. Raul Carrion de que tinha essa homenagem, hoje, de permanecer em Plenário junto com o Ver. Paulo Brum. Podemos ter diferença em relação a algumas conduções da entidade, não podemos ter diferença em relação ao que representa essa entidade, que é a tarefa do professor, e a importância do Centro dos Professores no cenário político e no cenário sindical e profissional deste Estado.

Eu quero, portanto, aqui, trazer, respeitosamente, mesmo com a diferença, o meu abraço à Juçara, aos seus companheiros de direção do Centro dos Professores e sobretudo a todos os professores do Estado do Rio Grande do Sul. Não fui por um acaso um aluno de escola estadual, mas minhas duas irmãs foram, e sempre tive um respeito enorme pelas escolas estaduais e, ao longo desses anos, tenho visitado, acho que posso dizer sem risco de ampliar demais o número, algumas dezenas de escolas estaduais no interior do Estado, pelos motivos que a Prof.ª Juçara bem conhece - a minha literatura dirigida às crianças e aos jovens -, e tenho encontrado excelentes escolas, escolas médias, escolas às vezes menos boas, mas temos encontrado, sobretudo, sempre professores dispostos, na maioria dos casos, com o seu sacrifício pessoal, a defenderem o interesse dos seus alunos, serem, efetivamente, aquelas molas fundamentais do crescimento da criança e do adolescente. O meu abraço a todos os professores do Estado e, muito especialmente, ao Centro de Professores e a sua Presidente Prof.ª Juçara Maria Dutra Vieira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Anunciamos, com muita alegria, a visita orientada do Centro da Juventude de Porto Alegre, Casa da FEBEM/RS, com as seguintes presenças: Lúcio Flávio, Luiz Fernando, Rafael, e as Monitoras: Inês Simon, Mara Souza e Regina Abbud. Essa atividade faz parte do Projeto de Educação Política que o Memorial desenvolve junto às escolas e entidades da Capital e da Grande Porto Alegre. Sejam bem-vindos entre nós.

O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo do Ver. Raul Carrion.

 

O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Ex.mo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. José Fortunati; Prof.ª Juçara Maria Dutra Vieira, Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul; Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, demais membros da Diretoria do CPERS, alunos da FEBEM presentes nesta manhã, senhoras e senhores.

Em primeiro lugar, parabenizamos o Ver. Raul Carrion pela iniciativa de trazer a esta Casa os cumprimentos pelo 57.º aniversário, mas não é simplesmente o aniversário do CPERS, é o momento em que cada Vereador e cada Vereadora pode fazer uma discussão e uma exposição da trajetória de lutas do CPERS junto à população do Rio Grande e do Brasil.

Com muito orgulho, sou professor e utilizo sempre o professor. Sempre digo que estou Vereador, mas ser professor é para sempre. Sou oriundo de escola pública, estudei, na época, o antigo Primário, no Colégio Euclides da Cunha, fiz o Ginásio e o Científico no Presidente Roosevelt, e, hoje, sou Professor Licenciado do Estado. Tive uma participação durante muitos anos no trigésimo nono núcleo do CPERS, e esta luta, a construção que o CPERS fez, mostrou para a sociedade posições diferenciadas, porque o CPERS foi uma entidade que ao longo dos anos construiu a sua trajetória de luta junto com a sociedade. Na grande parte dos movimentos, a sociedade o respaldou, porque entendeu e entende que esta luta do magistério é uma luta incessante. Por quê? O professor, ele é igual aos outros, mas ele tem uma dimensão grande que é o dia-a-dia, a interlocução com alunos, que vêem nele o modelo, um paradigma, e a luta nossa como professor é sempre por qualidade e também por salários. Muitas vezes, os professores tinham vergonha de dizer que brigavam por salários, por quê? Porque o professor, na sua origem, está muito ligado à questão do sacerdócio, mas precisamos sim, ganhar mais para dar mais qualidade. Neste mundo moderno, hoje, os alunos, com toda a tecnologia e, muitas vezes nas suas casas, com computador, podendo freqüentar e assistir teatros, televisão, cinemas, e o professor não tem recursos nem para comprar os seus próprios livros. Então, esta briga incessante, sim, é uma briga que nós temos que Ter, e o CPERS sempre foi paradigma disso.

Lembro que, numa oportunidade, em 1985, era Diretor do Centro Estadual de Treinamento Esportivo e ocorreu uma greve. Eu tinha uma FG. E, imediatamente, aderi à greve, e me foi dito que eu não poderia fazer greve porque eu tinha uma FG. E o que eu disse imediatamente foi o seguinte: Eu fui eleito pelo meus pares, e o cargo não é meu. Devolvi. Fizemos a greve e, na época, eu e um grupo de professores na Secretaria de Educação ficamos alijados, num canto. Terminou a greve, a discussão, passamos, conseguimos umas conquistas, outras não, mas o importante é que esta luta do CPERS, o Centro que depois virou Sindicato, numa abrangência maior, necessidade da Legislação, mostrou que esta luta vai continuar dia a dia. O importante é nunca fugir da raiz.

A briga constante dos professores é por qualidade de ensino e também por uma dignidade maior para os nossos professores. Essa luta sempre terá deste professor o apoio irrestrito, porque, volto a dizer, o professor ainda é um modelo para os seus milhares e milhares de alunos.

Portanto, desejamos ao CPERS que continue firme no seu norte, não se desviando, porque o nosso norte é claro e reto, a sociedade nos entende e compreende como tal. Parabéns, Ver. Raul Carrion, e parabéns ao CPERS por essa iniciativa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): É com satisfação que concedemos a palavra à Sr.ª Juçara Maria Dutra Vieira, Presidenta do Centro dos Professores do Rio Grande do Sul, CPERS/Sindicato.

 

A SRA. JUÇARA MARIA DUTRA VIEIRA: Bom-dia, Sr. Presidente José Fortunati, em nome de quem quero cumprimentar as Vereadoras e os Vereadores de todas as bancadas, e também a plenária, não só os nossos companheiros trabalhadores em educação como outros também que têm outras demandas aqui nesta Casa, e que as apresentam aqui com a sua legitimidade de representação.

Eu, esses dias, estava no Estado de Santa Catarina, num congresso de trabalhadores em educação, e uma das pessoas que fez um questionamento à minha fala disse o seguinte: “Eu quero me dirigir à CNTE - que é a nossa confederação -, mas quero me dirigir à Juçara, perguntando como é que os gaúchos conseguiram construir uma identidade tão forte e tão bonita, que estamos buscando também aqui.” Eu fiquei pensando que essa identidade que nós temos, como Estado do Rio Grande do Sul, se deve em muito aos talentos individuais, mas se deve sobretudo à riqueza das nossas organizações sociais, das nossas organizações nas suas diferenças e nas suas especificidades. Neste momento eu represento uma organização muito específica da sociedade do Rio Grande do Sul, que é a organização dos professores, dos funcionários de escola, dos trabalhadores em educação, dos educadores do nosso Estado. É muito específica, mas tem uma grande capilaridade, porque em quase todas as nossas famílias existe um educador, ou parente, ou conhecido, ou pessoa das nossas relações. E é essa organização que nós temos hoje o privilégio de representar nesta Casa para receber esta homenagem. Destaco neste momento o Ver. Raul Carrion, que teve essa sensibilidade, com certeza expressa aqui por outros parlamentares, que, também, através das suas bancadas têm essa sensibilidade para com os movimentos sociais do Estado do rio Grande do Sul.

Como foi muito bem dito aqui, a história do CPERS/Sindicato se confunde com a história do Rio Grande do Sul. Nós nascemos em 1945 por iniciativa de professoras primárias. Essas professoras, já no ano seguinte, estavam lá na frente do Palácio numa mobilização de rua que tem sido uma das nossas marcas, uma das nossas características. E porque também temos esse profundo traço de gênero na nossa categoria, por certo essa solidariedade, esse espírito de organização impulsionou esse Sindicato por muitas décadas. Tivemos ao longo desse período muitos desafios internos e desafios externos. Um deles diz respeito à nossa própria unificação; nós, que representávamos os professores, passamos a representar professores e funcionários de escola, porque entendemos que os funcionários têm uma dimensão educativa muito forte nas nossas escolas no momento em que a conjuntura nos recomenda tratar com maior seriedade, por exemplo, os problemas com a violência.

Enfrentamos desafios internos, quando a nossa categoria, num tempo mais remoto, era exercida por mulheres que tinham a condição, muitas vezes, de se sustentar fora da sua profissão. Nós tivemos, sim, enfrentamos o desafio da profissionalização das professoras e professores se assumindo como profissionais da educação e não apenas como missionários, como aqui foi mencionado.

Nesse percurso tivemos que fazer, sim, um grande debate sobre o caráter de classe da nossa organização. E nós sempre tivemos posição a esse respeito, procurando fazer a necessária intervenção das direções no sentido de ser a vanguarda das lutas, nunca perdendo a condição de dialogar com a sua base, pois é a base que a legitima para levar à frente as lutas educacionais. Nesse aspecto, a filiação à Central Única dos Trabalhadores e alianças com movimentos sociais, que entendemos que representam os interesses dos trabalhadores, sempre foram fundamentais para o CPERS/Sindicato. Mas é um Sindicato extrema e necessariamente plural, e é um Sindicato que tem como objeto de trabalho a educação e, por isso, sempre primou pela defesa intransigente da escola pública, e nessa defesa fazendo a sua reivindicação por salário, por condições de trabalho, tensionando os governos, fazendo graves e grandes mobilizações.

No final dos anos setenta e nos anos oitenta tivemos, sim, greves e mobilizações históricas que muitos dos trabalhadores em educação, dos educadores e também a sociedade guardam na memória esse tempo. Nós temos a convicção de que fomos fundamentais nessa luta, porque nesse momento conseguimos articular, por exemplo, a discussão da eleição para diretor de escola com a eleição geral, com a superação da ditadura e com a volta da democracia. E tivemos aliados, naquela época, que não temos mais, mas nem por isso deixamos de fazer as mesmas defesas. A defesa de uma sociedade democrática, de uma sociedade includente, porque é só assim que a escola pública adquire sentido e adquire finalidade.

Nós tivemos, também, quando nos transformamos em Sindicato, nos anos de 88 e 89, por força da Constituição, um papel fundamental na Constituinte. Eu lembro de companheiros e companheiras levando para a Assembléia Legislativa catatais de papéis com os nossos projetos, com as nossas propostas, e têm a nossa assinatura, por exemplo, os 35% de verbas para a educação que trazem para o Rio Grande do Sul uma maior potencialidade, embora isso não resolva os nossos problemas, e por isso estamos sempre em luta. Esses 35% para a educação têm a nossa assinatura. Tem a nossa assinatura, também, o repasse de verbas para as escolas e tem também a gestão democrática, que é fundamental para que possamos comprometer toda a sociedade na defesa da escola pública.

Eu me perdi um pouco no tempo, achei que eram dez minutos, e queria concluir agradecendo a homenagem da Câmara de Vereadores, dizendo o seguinte: que este é um local privilegiado, de expressão da pluralidade da sociedade gaúcha, e por isso o CPERS/Sindicato vem aqui, não para tentar ser unanimidade na opinião dos Parlamentares, porque entende que legitimamente aqui se expressam todas as opiniões, mas vem aqui sabendo do reconhecimento que esta Casa presta ao Sindicato que nós representamos, como uma das expressões do fortalecimento, não só da sociedade do Rio Grande do Sul como estrutura social e política, mas também na defesa da escola pública, na defesa da educação para todos, para os trabalhadores e para a sociedade, porque isso é fundamental para nós pensarmos numa responsabilidade que temos, que é uma responsabilidade recíproca, que é nossa, dos educadores e que é dos parlamentares: é lutar para que essa sociedade seja cada vez mais justa, mais includente, e para isso ela necessita, basicamente, da educação, que não só responde aos direitos sociais, mas, hoje, na condição de desenvolvimento que nós atravessamos, responde também pelos direitos humanos aqui no nosso Estado, no nosso País e universalmente.

Muito obrigado por esta homenagem, e nós queremos dividir com esta Casa, também, aqueles avanços e aquelas vitórias que a educação no Rio Grande do Sul teve, e que por certo também contribuem para nossa identidade de povo gaúcho. Muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos agradecer à Prof.ª Juçara Maria Dutra Vieira, Presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul, CPERS/Sindicato, que no dia de hoje esteve conosco neste importante 57.º aniversário do CPERS, um Sindicato que, indiscutivelmente, ao longo da sua história, mostrou de uma forma muito concreta a luta por melhores salários de sua categoria, e fez isso sempre de forma intransigente em nome dos interesses dos trabalhadores: a luta por melhores condições de trabalho, a luta por uma qualidade de vida mais adequada, não somente aos professores mas a toda a comunidade escolar, a luta pela qualidade da educação nas nossas escolas, especialmente nas escolas públicas e principalmente a luta intransigente na defesa da escola pública com qualidade, plural e democrática.

Eu tenho sido, ao longo do tempo, minha querida Juçara Dutra, Presidenta do CPERS/Sindicato, na verdade, alguém que tem acompanhado, com muita atenção, a luta do CPERS/Sindicato, e sou testemunha de que essa luta, ao longo do tempo, tem ajudado a qualificar em muito as relações dos professores com a comunidade escolar, mas, mais do que isso, tem feito com que essa luta, uma luta nacional e não somente regional, produza resultados concretos na melhoria das condições dos professores e especialmente na qualidade de ensino no nosso Estado. Parabéns a vocês!

Suspendo os trabalhos da presente Sessão para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 10h14min.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati – às 10h16min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Elói Guimarães solicita Licença para Tratamento de Saúde no dia de hoje, 19 de abril.

 

(Obs.: Foi apregoado o Requerimento de licença do Ver. Elói Guimarães, e dada posse ao Suplente, conforme consta na Ata.)

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO (Requerimento): Sr. Presidente, Ver. Fortunati, com fundamento no art. 102 do Regimento, parágrafos 2.º e 3.º, e também no artigo 63, especialmente no inciso III, e parágrafo 3.º, hoje pela manhã foi apregoado pelo Sr. 1.º Secretário o Processo n.º 1545, Requerimento n.º 71 da lavra do Ver. Sebastião Melo. Estou requerendo, Sr. Presidente, que V. Ex.ª, após um estudo que faça no seu gabinete, determine as disposições do artigo 19, inciso II, letra j, relativamente a esse Requerimento. Não estou solicitando que V. Ex.ª determine isso agora, mas o meu Requerimento é feito no sentido de que V. Ex.ª faça um estudo, porque creio que é o caso da aplicação, com fundamento nos dispositivos que elenquei, do artigo 19, inciso II, letra j. Esse é o Requerimento, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Ver. Juarez Pinheiro, pela importância da matéria, acolho o seu Requerimento e encaminho o processo, imediatamente, para análise da Procuradoria e, posteriormente, levarei esse tema ao conhecimento da Mesa para posterior deliberação.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente Ver. José Fortunati, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, eu já ouvi e já li muitas notícias e denúncias com relação à distribuição de água: sobre o sabor da água, sobre a cor da água. O DMAE tem dado explicações, Ver. João Dib, na maioria das vezes, de que se trata de proliferação de algas, de que é isso que faz com que haja alteração, dando um cheiro especial à água que é distribuída à população. Recebi uma denúncia dessas lá da Lomba do Pinheiro, da Parada 16. Como as pessoas estavam desesperadas, não podiam tomar a água, e estão, inclusive, comprando água para tomar, para substituir a água do DMAE, tomei a liberdade de, em um laboratório, mandar fazer uma análise da água de algumas casas daquela região. Eu tenho aqui a análise da água de rede da Rua Canavi Boeira da Silva, n.º 10. O exame foi feito no dia 3 de abril, e eu recebi o resultado ontem à tardinha; por isso estou divulgando hoje. Inclusive já avisei os moradores que tomem cuidado com a água que está sendo distribuída lá pelo DMAE. Leio: “Colimetria - ensaio presuntivo, presença/100 ml, positivo; bactérias heterotróficas, UFC/ml: 100; contagem placas em Placas-Pour Plate; colimetria - ensaio confirmatório, presença também de 100 ml, positivo, tubos múltiplos. A amostra apresenta-se fora dos padrões de potabilidade, sob o ponto de vista bacteriológico, conforme Portaria n.º 36, de 12 de janeiro de 1990, do Ministério da Saúde.”

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Por favor, Vereador-Presidente. Peço que desconte o meu tempo, porque estou concedendo aparte ao Ver. João Antonio Dib.

 

O Sr. João Antonio Dib: Nobre Ver. Luiz Braz, a informação que V. Ex.ª traz realmente é uma denúncia muito grave, mas eu gostaria de dizer que o problema das algas realmente existe, mas parece que tem solução com carvão ativado. Mas o que V. Ex.ª nos traz é muito sério.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. João Antonio Dib, num primeiro momento, eu disse para a população da Parada 16 da Lomba do Pinheiro que a informação que recebíamos do DMAE era com relação às algas. Mas, até para tranqüilizar aquela comunidade, eu mandei fazer esse exame no Laboratório, e o exame realmente indicou que existem fezes na água, para ser mais real.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Vereador-Presidente, eu sei que V. Ex.ª está numa conversa paralela, mas pediria que, por favor, V. Ex.ª colaborasse com este tribuno abandonado nesta tribuna.

 

O Sr. Estilac Xavier: Ver. Luiz Braz, agradeço a V. Ex.ª pelo aparte. Faço duas considerações. Primeira, a questão da presença das algas é pelo baixo nível do rio, pela iluminação e pela intensidade de calor - isso ocorre em todo o Brasil. Quando chove, aumenta o nível de água e baixa a temperatura, imediatamente cai pela metade, nas primeiras horas, a proliferação de algas, que só produzem sabor e cheiro, mas que não atacam a potabilidade e a qualidade da água. Em segundo lugar, eu gostaria de ter uma cópia da sua análise, porque é muito estranho que um Vereador faça uma coleta, numa rede de água, mande fazer uma pesquisa num laboratório e traga essa informação, criando insegurança à população.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Essa análise não é minha, ela é de um laboratório de Porto Alegre. Afinal de contas, nós não podemos deixar a população em perigo. Isso, se for confirmado, porque existem outras regiões se queixando de problemas com a água, trata-se de um crime contra a população. Acredito que esse assunto não deva ser tratado de forma política, como quer tratar o Ver. Estilac Xavier. Nego-me a tratar de forma política, como quer tratar o Ver. Estilac Xavier, dizendo que este Vereador não tinha o direito de ir lá, na população, para colher a água, para mandar fazer a análise. Ora, eu sou representante da população, eu sou representante desta sociedade, assim como V. Ex.ª é, assim como qualquer Vereador deste Plenário é. O Ver. Estilac Xavier, num aparte anti-regimental, está dizendo que esta análise não tem fé pública. Eu sou representante da sociedade, e posso mandar fazer a análise. Só num regime ditatorial, que vive na cabeça do Dr. Estilac Xavier, é que o representante público não tem fé pública. Isso só na cabeça de ditador do Ver. Estilac Xavier e dos seus companheiros. Se o Ver. Estilac Xavier não acredita nos resultados deste laboratório, por favor, não permita que a população da Parada 16 e outros integrantes da nossa população, continuem tomando fezes na água. Está aqui neste exame. E eles dão, simplesmente, a desculpa de que se trata de algas. Ora, em muitas regiões da Cidade, pode acontecer o fenômeno das algas. O Ver. João Dib Já confirmou, outros técnicos dessa área também confirmaram, muitas pessoas confirmaram, mas este exame não diz que são algas. Vou repetir aqui o endereço: este exame foi realizado na água coletada de uma residência da Rua Canavi Boeira da Silva, 10, no dia 3 de abril de 2002. E esse exame, que foi realizado por um laboratório com credibilidade na Cidade, diz que existe colimetria positiva nessa água distribuída pela rede pública aqui em Porto Alegre. E isso é um perigo, Ver. João Antonio Dib! Este é um alerta que nós fazemos para a população. E a outras pessoas, de outras regiões da Cidade que passam pelo mesmo problema, eu peço por favor que mandem analisar a água em outros laboratórios, que não o do DMAE, para que possamos ter a certeza de que a água que a população está tomando não vai causar uma epidemia muito grave. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra em Comunicações por cessão de tempo da Ver.ª Maria Celeste.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, a definição, no dia de ontem, do Supremo Tribunal Federal, na verdade endossando a decisão do TSE, define o quadro eleitoral para o ano de 2002. Esta eleição, definido os três candidatos principais em nível federal - Lula, pelo PT e pela Frente Popular; Serra, representando os neoliberais do PSDB, possivelmente com essa definição do PMDB e, acredito, do PFL; e Ciro Gomes que, a meu juízo, é farinha do mesmo saco, porque Ciro Gomes, para quem não se esqueceu, Ver. Marcelo Danéris, foi o mesmo candidato que quando Ministro da Economia defendeu a paridade do real com o dólar. Situação que levou a Argentina, com a paridade do peso com o dólar, ao caos em que hoje se encontra.

Na verdade, Ver. Isaac Ainhorn, que me aparteia anti-regimentalmente, e que sabe que isso é verdade, porque Ciro Gomes defendeu até o fim a paridade do real com o dólar, e só depois, por uma forçassão de barra muito grande da sociedade, houve a desvalorização cambial, que desafogou a nação brasileira na balança comercial. Ele é da mesma linha, faz o mesmo jogo, apenas com o viés diferenciado.

Eu tenho muito respeito pelo governador Leonel Brizola – acho que teve até uma boa posição aqui no Rio Grande do Sul, quando disse não a Brito, e que preferia votar em FHC do que votar em Brito e encaminhou o candidato do seu Partido, nosso Vereador-Presidente José Fortunati, mas quero dizer que Brizola, quando referenda o nome de Ciro Gomes, na verdade - e esse é um juízo político desse Vereador - ele referenda as políticas neoliberais que têm infelicitado o povo brasileiro, a partir do momento em que aceita Ciro Gomes como seu coligado em nível nacional.

Portanto, Ver. Isaac Ainhorn, as eleições de 2002 não são eleições de figuras de quem é mais magro, de quem é mais baixo, de quem tem curso superior, de quem não tem curso superior. É uma definição de projetos. A Nação Brasileira vai dizer se concorda, se diz sim à nova ordem internacional, baseada em blocos econômicos, que visa a saquear os países pobres, vai dizer se concorda, com o seu voto, com as políticas de endividamento impostas pelos países ricos, componentes do G-8, aos países subdesenvolvidos, aos países pobres, e que encontra, infelizmente, no nosso país, um vassalo dessa política, FHC com a sua base de apoio, PMDB-PFL; vai dizer a Nação Brasileira se concorda com a política desse Governo, dando continuidade a Serra, de aceitar a ALCA, a Área de Livre Comércio das Américas, que FHC apenas procura adiar, e nós sabemos que a ALCA significa a imposição do imperialismo norte-americano, de uma política de blocos econômicos, que só beneficia as transnacionais, as grandes corporações, os monopólios privados e, principalmente, os Estados Unidos, que, sozinho, detém 70% do PIB das Américas.

Essa, portanto, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, não é uma eleição de personalidades, é uma eleição onde vamos discutir o futuro deste País, porque aceitar a ALCA em 2005 significa aceitar a perda da nossa soberania, significa ficarmos subjugados a uma política de blocos econômicos, a uma política neoliberal, que traz a desnacionalização do País, gerando desemprego, gerando violência, gerando miséria, miséria nunca vista na história deste País. Significará que queremos continuar com um governo de cócoras, um governo que pegou o país com uma dívida interna de 64 bilhões de reais e está, hoje, em 700 bilhões de reais; um governo que pegou uma dívida externa com 130 bilhões de dólares e, hoje, a dívida está em 300 bilhões de dólares. Portanto, o quadro eleitoral está dado: a Nação brasileira vai-se manifestar, e não tenho dúvidas de que ela dirá não à ALCA, não a essa dívida, não à submissão ao G-8, ao FMI, à OMC, e sim a uma Nação independente, a uma Nação soberana, a uma Nação para os brasileiros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra em Comunicações, por cessão de tempo da Ver.ª Maristela Maffei.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, público do Canal 16, eu quero falar sobre dois assuntos. Um é para fazer um protesto à manifestação do Ver. Luiz Braz, nobre colega que me distinguiu com um aparte, mas ele presta um desserviço à Cidade. Ele fala da qualidade da água, traz um laudo; eu digo que ponho em questionamento o laudo, porque o Vereador não tem atribuição constitucional e não tem fé pública para fazer análise. Onde ele coletou essa água? Quem viu a coleta? Será que essa água é coletada da rede ou de um reservatório? Quero lhe informar, Ver. Luiz Braz, que o DMAE admite potabilidade zero, que é o que deve-se fazer, para a presença de coliformes fecais. São feitas 300 análises diárias em pontos diferentes para confirmar a potabilidade da água, confirmadas pelo laboratório da Divisão de Pesquisas do DMAE e conferido pela UFRGS. A água foi coletada onde, na rede ou num reservatório? Essa rede estava ou estaria contaminada, segundo essa análise, por uma ligação clandestina ou não? V. Ex.ª fez uma generalização, quis dizer que não era política e fazendo muita política.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Estilac Xavier, quero fazer um desafio a V. Ex.ª Eu trago água desse local onde nós a coletamos para que V. Ex.ª, se realmente acreditar que a análise que foi feita não é correta, que V. Ex.ª possa tomar a água que está sendo distribuída na Parada 16.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. Luiz Braz, nós não estamos brincando, se V. Ex.ª acha que é possível brincar nesta tribuna, eu não estou brincando. Eu não vou aceitar o seu desafio porque é pueril e não corresponde às exigências de qualidade de intervenção nesta Casa.

Sobre a questão das algas, são microorganismos que proliferam em época de estiagem, com o calor e alta luminosidade, o que acontece em todo o Brasil e que é tratado com o carvão ativado. Carvão ativado cujo mercado esgotou nacionalmente e cuja a única decorrência é o cheiro e o sabor, mas não afeta a qualidade na área da saúde. Então, Ver. Luiz Braz, V. Ex.ª não tem fé pública, embora não esteja dizendo que V. Ex.ª tenha feito qualquer manobra, mas não está nos seus encargos constitucionais, como Vereador, coletar água, que eu não sei de onde V. Ex.ª tirou, e trazer uma análise de um laboratório que eu não conheço. Quem tem fé pública para isso é a Prefeitura de Porto Alegre e seu Departamento.

Em segundo lugar, Sr. Presidente, eu quero, aqui, falar em resposta ao...

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Estilac Xavier, eu estou entendendo que, nesse momento, o DMAE já deve ter mandado fazer coleta da água na rede para ver se há ou não problema.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Eu já informei, Ver. João Antonio Dib, de imediato, ao Diretor Carlos Todeschini para que ele tomasse as providências, porque nós vamos verificar o que o Ver. Luiz Braz disse. Se ele disse que não queria fazer política, nós não queremos fazer política de terrorismo com a população, que é quem bebe da água. Nós não podemos trazer essa intranqüilidade.

Em segundo lugar, eu quero aproveitar que está chegando nesta plenária o Ver. Sebastião Melo, que produziu uma peça, na Sessão passada, pedindo um Requerimento para reunir todos os projetos sobre a suposição de que nós estamos criando cargos e mais cargos. Eu quero alertar os assistentes que estão aqui hoje, talvez levantando a questão do HPV, que é um dos projetos sobre o qual o Vereador quer fazer uma Comissão Especial para tratar de todos os cargos. Mas sobre que cargos que nós estamos trabalhando aqui que ele acusa? Vejam o que ele diz: “O Ver. Sebastião Melo denuncia que a Prefeitura está criando um trem de mil cargos para companheiros.” Mas o que é isso! Alguém pode acreditar num negócio desses, que a Prefeitura pode criar cargos para colocar os seus companheiros, quando todos sabem que o acesso ao serviço público se dá mediante concurso, aberto aos brasileiros credenciados? E, aí, o Projeto do HPV, a criação dos técnicos do DMAE, vão todos entrar numa vala comum, que agora tem um Requerimento feito pelo Ver. Juarez Pinheiro que questiona, pelo artigo 19, inciso II, letra j, a legalidade do Requerimento. Pois, o seu Projeto, que cria os cargos, que dá tranqüilidade para o HPV, o Hospital Materno-Infantil da cidade de Porto Alegre, está sub judice, porque o Ver. Sebastião Melo quer fazer uma Comissão para que este Projeto não seja aprovado, porque não quer a aprovação da Secretaria da Agricultura, decorrente da política e da discussão que o Governo tem com a sociedade.

O Ver. Sebastião Melo vai ter que explicar isso. Disse que nós o ofendemos, na vez passada. Não fizemos isso. Se tivéssemos feito, Ver. Sebastião Melo, teria, de imediato, lhe pedido escusa. Aqui está, pedi a Ata da Sessão Extraordinária, onde eu disse que V. Ex.ª era um nobre colega, que era um ativo, combativo Vereador, mas que, aquela acusação, na forma como foi feita e no conjunto que eu tenho aqui de acusações que vão, uma atrás da outra, produzidas pelo Vereador, elas representam o quê? Uma forma que eu não acho correta de se fazer política na Cidade de Porto Alegre, porque traz intranqüilidade.

Eu concluo, voltarei numa próxima oportunidade, Sr. Presidente, para falar disso novamente. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, depois de muita demora, eu obtive no meu gabinete o relatório de atividades e balanço da Prefeitura. E, mais uma vez, constato aqui que a Prefeitura desrespeita a Casa e a Lei Orgânica, não mandando o balanço da EPTC, o relatório de atividades. Não manda a proposta orçamentária; agora, não manda o balanço. Então, eu estou fazendo um Requerimento para que a Casa devolva este relatório e mande o Prefeito complementar as informações, porque esta Casa aqui não é botequim, esta Casa aqui é um Poder da Cidade e ela tem de receber as informações como determina a Lei. Então, eu vou protocolar, neste momento, a não ser que eu esteja enganado. E eu até quero requerer, porque não recebi, mediante certidão, portanto, não fui certificado. Agora, os documentos que recebi no meu gabinete não dão conta de que veio o balanço da EPTC. Pode ser que eu esteja enganado e, portanto, posso estar errado, quero me certificar se isso é verdade ou não.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, nós estamos recebendo a manifestação de V. Ex.ª, e a nossa Diretoria Legislativa, em breve, nos passará as informações corretas.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, primeiro, para informar de que os prazos regimentais terminam hoje, no final da tarde, para a entrega de todos os Relatórios. Segundo, dizer que quero, como Vereador, fazer um Requerimento à Mesa, porque o Ver. Sebastião Melo com freqüência usa o microfone, que deveria ser para encaminhamentos, requerimentos, questões de ordens, para fazer debates políticos. Então, que se restrinja, como Requerimento à Mesa, que se restrinja este microfone para requerimentos e não para debates políticos que, para isso, temos o tempo na tribuna.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver. Marcelo Danéris, fica difícil, como Presidente da Mesa, saber qual vai ser a manifestação do Vereador ao se dirigir ao microfone de aparte. Portanto, não temos como saber qual será a manifestação que o Vereador irá fazer. Cabe à Presidência aceitar, ou não, a manifestação do Sr. Vereador. Neste caso, o Vereador fez a sua manifestação, iremos encaminhar à Diretoria Legislativa e daremos retorno, assim como recebemos também a manifestação feita por V. Ex.ª.

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Comunicações, por cedência do tempo do Ver. Nereu D’Avila.

 

 O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cinco minutos é pouco tempo, mas eu vou tentar abordar três assuntos aqui nesta tribuna, no dia de hoje. O primeiro deles diz a respeito à água.

No último fim de semana, este Vereador foi solicitado, na Rua Juca Batista, na casa do Sr. Nelso Basso, por um grupo de moradores que, preocupados com a situação da água - cor e sabor -, pediu a este Vereador que tomasse as devidas providências junto ao DMAE. Após, um grupo de pessoas na Restinga também solicitou que este Vereador se fizesse presente para reclamarem sobre o problema da água.

Na segunda-feira, logo que cheguei a esta Casa, liguei ao DMAE, o Diretor-Presidente do DMAE, prontamente, me disse que o DMAE estaria tomando providências para mudar o local de captação da água, para que essa captação fosse estendida mais para o meio do Guaíba, porque as algas não permitiam que fosse corrigido o problema que está acontecendo com a água.

Este Vereador espera que o problema da água, que está acontecendo na Zona Sul de Porto Alegre e que também, conforme o Ver. Luiz Braz aqui se pronunciou, está acontecendo na Lomba do Pinheiro.

Segundo assunto: No dia de ontem, a COSMAM, que é presidida pelo ilustre médico desta Casa, Ver. Dr. Goulart, recebeu na Comissão o Dr. Humberto Scorza, Presidente do Conselho Municipal de Saúde, e o Sr. Nei Carvalho, Coordenador do Conselho. O assunto em pauta era a central de marcação de consultas. O próprio Dr. Humberto reconheceu que há problemas na central de marcação, afirmando que, dependendo o tipo de patologia, se for caso de cirurgia, os próprios médicos não assumem a responsabilidade do juramento prestado. A Comissão de Saúde, juntamente com os Vereadores desta Casa, vai-se unir ao Conselho para que esse problema seja, de uma vez por todas, amenizado ou solucionado. O Veto Total ao Projeto do Ver. Dr. Goulart, que foi derrubado por esta Casa, um fato histórico para mim, por 31 votos – só não votaram naquele dia o Ver. Estilac Xavier e o Presidente. Portanto, esse Projeto também vem ao encontro dessa situação e vai ajudar a central de consultas e de baixas.

No dia de ontem a CEDECONDH, que é presidida pela Ver.ª Clênia Maranhão, recebeu os azuizinhos da EPTC. Confesso que assisti àquela reunião e saí extremamente preocupado ao ouvir os depoimentos, Ver. Cássia Carpes, que foram ditos, ontem, pelos representantes da EPTC, pelo Sindicato, porque nós sabemos o que representa, hoje, esse serviço, Ver. Paulo Brum. Tudo o que foi dito lá, ontem, é extremamente preocupante. A Comissão recebeu várias denúncias, até pelo que representa, hoje, a EPTC, os azuizinhos, o seu trabalho. Tudo o que foi dito precisa ser visto e levado aos bons termos para que a população de Porto Alegre não venha a enfrentar mais problemas do que hoje está enfrentando com o trânsito da Cidade. A Comissão, tenho certeza que, depois de receber toda essa documentação, vai tomar a devida providência. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Pedro Américo Leal está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje é o Dia do Exército. O Exército Brasileiro está em festas, comemorando o seu dia. Trago aqui a capa da Revista do Clube Militar (mostra a revista), destacando a obra imortal dessa tela que reproduz a primeira batalha dos Guararapes.

Por que hoje é comemorado o Dia do Exército? Por que houve a transformação? Não é mais o Dia de Caxias, o Dia do Soldado? É Dia do Exército. Por quê? Porque hoje se reuniram as três etnias para formar a pátria brasileira, foram os primeiros soldados do Brasil. O negro, representado por Henrique Dias; o índio, por Felipe Camarão e o branco, representado por André Vidal de Negreiros. É interessante que em 1648 se desse essa miscigenação das três potencialidades do povo brasileiro. Contra quem? Contra inimigo poderoso, inteligente, hábil, talvez a primeira multinacional instalada no Brasil comandada – E por que não dizer? - por Maurício de Nassau, homem hábil, inteligente.

O Exército, hoje, forma a nacionalidade do povo brasileiro, numa ação apreciada, numa relação de contingência geopolítica de âmbito nacional, sul-americano e mundial. Tenta fazer essa congregação da Pátria Brasileira; persevera lutando pelas coisas do Brasil, haja vista a Amazônia. Se voltarmos no tempo, nos primórdios dos tempos, vamos encontrar, lá no recôncavo, essa figura brilhante de administrador e estadista que foi Maurício de Nassau, contra o qual nós lutamos, brigamos, em 1648, quando não éramos nem Nação e nem Exército havia. Cem anos depois, era criado o Exército Brasileiro. Pois esses homens de etnias diferentes, reunidos, esses três homens, o branco, o negro e o índio conseguiram reunir forças e se antepor ao colonizador, que queria erguer aqui a primeira multinacional. Foram os primeiros soldados, os primeiros chefes de um Exército que se formaria um século depois. Em 19 de abril de 1648, travou-se a batalha dos Guararapes. Vamos encontrar origens do Exército aí, na luta pelo solo pátrio - que não terminou e não terminará jamais. Mudou de feições, mas até hoje é válida, é luta pela soberania nacional, como se fosse possível impor-se a opinião nacional no concerto das nações, vê-la respeitada sem um PIB forte, sem uma força armada temida. Isso é a vontade nacional. O que é a soberania nacional? É a vontade nacional de impor, de dizer: “São duzentas milhas” e o mundo calar-se, e o mundo admitir que são duzentas milhas, como fez o Presidente Médici. Isso é soberania nacional, é a vontade nacional em que o mundo é comunicado que, dali por diante, vai observar essa norma. Sem o espírito de nacionalidade e sem um PIB forte, sem Forças Armadas respeitadas não há soberania nacional! Há conversa nacional, há política nacional, mas não há soberania nacional! O mundo não se curva às decisões que o Brasil tomar. Qual é o poder de dissuasão das nossas Forças Armadas, mormente da força terrestre? A Amazônia é nossa! Mandei fazer um símbolo, não sei se os Vereadores o usam, a maior parte deles não o usa, eu dei, fiz com meu dinheiro, entreguei para todos os Vereadores. Qual é o que usa? Qual é o que usa? Não sei. Não tenho encontrado em automóvel algum, na retaguarda dos vidros, aquele dístico que distribuí, o que muito me entristece; ninguém o colocou, ou, se o colocaram, foram muito poucos. É importante o poder de dissuasão, é claro que é, quando o mundo recebe uma decisão do Brasil, o mundo há de dizer: “O que eles querem? Não vamos dar importância!”

O que são os Estados Unidos? Os Estados Unidos são uma organização enorme e poderosa com um departamento de estado e com uma força armada temível, e o mundo se dobra a eles. Por que não podemos marchar para conseguirmos este porte?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Seu tempo esgotou, Vereador.

 

O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Criaram-se as nações ianomâmis – estou para terminar – não é mais tribo ianomâmi; por influência de quem são? Nações ianomâmis, está na Constituição; dia virá que essa nação reclamará sua independência, e o que vamos fazer? Qual é a nossa soberania? Quais são as Forças Armadas que temos para impor a decisão? Muito poucas, são fracas. Por quê? Porque a própria Presidência da República não dá importância às Forças Armadas. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a manifestação do Ver. Pedro Américo Leal, encerramos o período destinado às Comunicações.

Saudamos o Ver. Eugênio Porto, do PT de Tramandaí. Seja bem-vindo.

O Ver. Cassiá Carpes está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CASSIÁ CARPES: Ver. Paulo Brum, Sr. Presidente em exercício, Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras. É importante ver aqui, Ver. Nereu D’Avila, a preocupação do Ver. Juarez Pinheiro com a coligação trabalhista. Já sentiram que nós estamos discutindo para mostrar o trabalho baseado na memória, na tradição do trabalhismo. Lembro ao Ver. Juarez Pinheiro que, nesta semana, em São Paulo, o PT expulsou um Vereador, porque esse Vereador contrariou a Prefeita de São Paulo, o seu Partido, que tinha prometido 30% de aplicação na educação, e aí, depois que se elegeu, agora Governo, no exercício do Governo de São Paulo, baixou esse índice para 25%, e esse Vereador, estando contrário a isso, questionou o Partido e foi expulso. É assim, Ver. João Antonio Dib, prometeu na campanha, ganhou a eleição e depois não cumpriu. Então, nesse aspecto, já há uma preocupação para o Ciro Gomes. Estou citando esses fatos para somar a isso a sede do Seguro Cidadania a qual parece estar sendo alugada para o MST. Essa sede está dando transtorno, estão vinculados aí o PT e o MST. Esse aluguel é caro.

Ontem nós tivemos aqui, até porque foi uma proposição minha, desde o ano passado, quando fui relator dessa matéria na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, a queixa do sindicato dos azuizinhos contra o mau-trato e também a falta de condições. Eu vou olhar alguns trechos aqui. Primeiro o presidente, o Marcelino, diz que falta segurança; há blitz na noite, sem coletes, portando-se como se fossem policiais, e perguntou uma coisa - e agora há essa pergunta depois de quatro anos -: Qual a função do agente de trânsito? Depois de quatro anos, a EPTC não sabe e não disse aos seus funcionários quais as funções desses Agentes de Trânsito. Ali ele citou choque cultural, informações desencontradas, já que estão atuando há quatros anos e as informações são desencontradas. Aí o outro, o Dagoberto, vice do sindicato, diz que a categoria é um pára-choque da população, e que a EPTC é cheia de CCs. Vejam o PT: cheio de CCs. É uma máquina de fazer CCs, é uma máquina de empreguismo, e assim, sucessivamente, aqui nesta Casa, os sindicatos, as entidades representativas vêm denunciando isso. Depois, o Sr. Carlos Alberto, do CIPA, disse: “Nunca fomos consultados.” Há benefícios políticos, sem comando, e disse a coisa mais grave - e a população ficou estarrecida -: que a Sr.ª Marília Belíssimo de Oliveira, do Gabinete do Prefeito - e citou o Gabinete do Tarso Genro -, teve liberado o seu carro das multas, enfim, de todo aquele processo, já que os seus documentos do carro não estavam em dia. Então, vejam a conseqüência que isso traz à população de Porto Alegre, a quantidade, milhares de multas espalhadas pela Cidade sem o parâmetro de uma entidade que não tem regulamento interno, na qual os seus funcionários, os Agentes de Trânsito, não sabem o que fazer e foram para as ruas sem orientação, sem o bom-senso, sem a capacidade de saber e discernir o que fazer com as multas. Preocuparam-se com aquilo que para o PT é o mais importante: a ganância, a vontade de arrecadar, a vontade de morder, de taxar, de prejudicar a sociedade porto-alegrense, e estão dando exemplo ao interior, porque isso é uma municipalização. Estão informando o interior sobre como se faz na Capital. Mas se aqui não há um comportamento, não há uma estrutura, não há um regulamento interno, portanto, essas acusações vão ter prosseguimento na nossa Comissão. Terça-feira, vamos tomar as providências para que possamos dar andamento a esse processo, há muita coisa ainda por trás. Pela primeira vez, Agentes se manifestam na imprensa, aqui nesta Casa; tiveram sindicato formado, e aí, através do sindicato - esse sindicato que o PT gosta muito, de que sempre foi a favor -, agora estão mostrando para Porto Alegre como é difícil estar do outro lado. É uma pressão incrível. E os Agentes estão dando uma demonstração de independência, comportamento sério e mostrando o que eles estavam fazendo e o que não tinham condições de fazer por falta de orientação e de regulamento interno. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Nereu D’Avila está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. NEREU D’ AVILA: Sr. Presidente em exercício Ver. Paulo Brum, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, regressei ontem à noite de Brasília, onde participei, junto com os companheiros de todo o Brasil, de uma reunião do PDT nacional, onde se pretendia fazer uma pré-convenção, juntamente com os outros Partidos da Frente Trabalhista - PTB e PPS. Não sendo possível, por diferenças, principalmente no Rio Grande do Sul, os desdobramentos de ontem em Brasília praticamente se resumiram ao problema do Rio Grande do Sul. E posso afirmar com segurança que nós, do PDT, voltamos muito contentes de Brasília. E que voltamos contentes porque, nós, aqui no Rio Grande, ainda que, naturalmente, haja exceções, mas as exceções são para confirmar a regra em geral, aqui no Rio Grande, os gaúchos em geral - eu falo em tese - costumam cumprir com as suas palavras, costumam honrar os seus compromissos. E após a gestão, sob a liderança de Leonel Brizola - que cada vez mais tem lucidez, sabe o que quer, conduz o Partido com discernimento -, num determinado momento, na noite anterior, quando estávamos na sua suíte, no Hotel Naoum, após conversações com pessoas do Rio Grande do Sul, o Governador Leonel Brizola solicitou que redigíssemos uma nota, afastando-se da Frente Trabalhista. Estava a perigo a coligação, exatamente, às 11h da noite de anteontem, quarta-feira. Logo após parlamentares da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, chegou um cidadão à suíte de Leonel Brizola, no 12.º andar do Hotel Naoum, em Brasília, chamado José Carlos Martinez. Quero dizer esse nome com todas as letras, porque me impressionou sobremaneira a sua honradez, a sua firmeza, e, embora sendo do Paraná, cumpriu rigorosamente a sua palavra, dizendo a Brizola: “Amanhã o diretório nacional, sob a minha responsabilidade, assinará nota conjunta, a convenção nacional ratificará e eu trarei a V. S.ª, Dr. Leonel Brizola, o documento ratificando o que a convenção de junho de 2001 já havia aprovado: Apoio a Ciro Gomes e apoio ao candidato do PDT no Rio Grande do Sul.” Naquele momento foi rasgada a nota feita pelo Jornalista Fernando Brito, do PDT, e aguardamos até ontem, quando, por volta da meia tarde, toda a cúpula nacional do PTB, sob a liderança de José Carlos Martinez, cumpriu a palavra. E mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, levou um documento que aqui está, que diz: (Lê.) “O Partido Trabalhista Brasileiro reunido nesta data, em convenção nacional, reconhecendo a importância do presente momento histórico por que passa a Nação, ciente de suas responsabilidades como construtor da aliança que apóia Ciro Gomes como candidato à Presidência da República, respaldado nas disposições do parágrafo 2.º do artigo 7.º da Lei 9.504/97, resolve as seguintes Diretrizes Nacionais:

3 - (É o que interessa ao Rio Grande do Sul.) Como instrumento de construção da Frente Trabalhista, determina ao seu diretório regional do Rio Grande do Sul que, nas eleições de 2002, apóie o candidato do PDT ao Governo do Estado, garantindo ao PTB a vaga de candidato a Senador da República; compromissos assumidos pelo presidente nacional e pelo líder do partido na Câmara Federal, com o respaldo da executiva nacional, reiterados por esta convenção nacional.

4 - Determina à executiva nacional do Partido que, imediatamente, utilize os meios estatutários cabíveis e necessários para a garantia da unidade da Frente Trabalhista Nacional.”

E mais: fez uma declaração não só o Sr. José Carlos Martinez, mas o Sr. Jefferson, líder da bancada, nos seguintes termos: “Sr. Leonel Brizola, está prestes a se consolidar a união dos Partidos PDT-PTB, porque nós, tanto eu, como Presidente, como o líder da bancada,...” Eu, Martinez, e o líder da bancada Jéferson. “...e os demais membros da Direção Nacional, consideramos que o PTB tem a moldura - o Partido Trabalhista Brasileiro - nacional; mas o PDT tem o recheio, tem a fotografia, o perfil e o currículo de V. S.ª, Leonel Brizola, pela sua retidão, pelo seu passado e pela sua dignidade política.”

Então, hoje, temos a ressaltar que foi uma atitude retilínea do PTB nacional, onde pôs cobro a outras nuances que pretendiam o não-cumprimento de um acordo de uma convenção de junho de 2001 do PTB nacional. Então, com isso, fica pelo menos assegurada a Frente Trabalhista com o Partido Trabalhista Brasileiro e Partido Democrático Trabalhista e esperamos que o PPS também venha a aderir a essa posição. Nós temos, hoje, a registrar, aqui, com satisfação, que não se consolidou aquela torcida dos pessimistas e das cassandras de sempre de que haveria uma cisão intransponível.

Para finalizar quero dizer, ao contrário do que disse o Ver. Juarez Pinheiro desta tribuna, que me impressionou, sobremaneira, o discurso feito ontem, na nossa reunião, repleta de pedetistas de todo o Brasil, do Sr. Ciro Gomes, apesar de ter passado praticamente à noite em claro, fez um pronunciamento claro, insofismável, um pronunciamento que garante certos princípios básicos das posições do PDT em relação ao capital nacional, ou seja, a Frente Trabalhista está de pé e vai bem, graças a Deus! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum) O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é preciso trabalhar! Trabalhar com dignidade, trabalhar com abnegação, trabalhar como trabalham as abelhas que fabricam o mel, não para si, mas para a colméia. Essas palavras extraordinárias só poderiam ter sido pronunciadas por um homem extraordinário, que muitas pessoas, muitos partidos reivindicam a sua herança. Essas palavras são de Getúlio Vargas, que hoje completaria cento e dezenove anos e que neste ano completaria os oitenta anos que, pela primeira vez, foi eleito Deputado Estadual do Rio Grande do Sul. E os partidos que se consideram seus herdeiros esqueceram-se.

Não é comum, nesta Casa, não falar no dia 19 de abril em relação à figura extraordinária do Presidente Vargas.

Ele dizia, portanto, que o trabalho deve ser feito – isso foi dito aqui, num discurso aqui, em 1940, na Faculdade de Medicina, na formatura dos médicos – como o trabalho das abelhas que fabricam o mel não para si, mas para a colméia.

O Dr. Tarso Fernando, ao abandonar a Prefeitura, mostrava, claramente, que ele não estava trabalhando para a colméia, ele estava trabalhando para si mesmo, porque na véspera da sua saída, ele mandou uma dezena ou mais de Projetos de Lei - hoje têm oito na Pauta criando cargos, criando secretarias -, mostrando que não havia preocupação, não havia sensibilidade com a coletividade lá do Hospital Presidente Vargas, que precisava de médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem. Não, isso não! Só no último dia, enquanto permaneceu, deixou fazerem cartas-contrato atrás uma da outra e repetindo cartas-contrato. E não respondeu para este Vereador uma pergunta muito simples. Eu perguntei, no dia 27 de julho de 2001, qual o número do prédio ilegalmente construído no passeio da Rua 24 de Outubro esquina com a Av. Mariland, lado par? Hoje eu sei, agora tem o n.º 1470, mas ele foi construído ilegalmente, porque foi construído na calçada. Mas não foi respondido esse pedido de providências. Na anterior Administração, eu fiz esta Casa advertir o Prefeito Tarso Fernando, que não respondia aos pedidos de informação, ele ficou tão brabo que agrediu todo o mundo, mas continuou não respondendo: “O prédio ao lado do imóvel anterior, que detinha o n.º 1476, teve autorizado aumento de sua área construída?” Ele não respondeu, ele não tinha tempo para a coletividade, ele não era uma abelha que fabricava mel: ele era um homem preocupado com a sua própria pessoa, buscando crescer mais, esquecendo-se daqueles que acreditaram que ele resolveria os seus problemas, esquecendo de que o seu antecessor está sendo julgado pela Justiça pelas cartas-contrato. Ele sabia disso, mas continuou fazendo cartas-contrato, porque não tinha tempo de mandar os Projetos, os quais mandou, na véspera de sua saída, para a Casa do Povo para serem examinados.

Portanto, as palavras de Getúlio precisam sempre ser repetidas: “É preciso trabalhar, trabalhar com dignidade, trabalhar com abnegação, trabalhar como trabalham as abelhas que fabricam o mel, não para si, mas para a colméia.” Quando todos os políticos pensarem dessa forma, este País há de crescer, e a nossa Cidade não terá mais problemas. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.ªs e Srs. Vereadores, este Vereador quer pronunciar-se sobre a mesma matéria que o Ver. Cássia Carpes, em Comunicação de Líder, pelo PTB, se referiu. Ontem, a reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos propiciou que os agentes-fiscais, os azuizinhos e a própria Direção da EPTC pudessem se manifestar diante das irregularidades apontadas e documentadas pelos fiscais. Discordo do Ver. Cássia Carpes quando disse que foi a primeira vez: não, Vereador. É uma matéria que surgiu já no ano de 2000. V. Ex.ª não nos dava o prazer de compartilhar daquele mandato, mas os agentes-fiscais já se referiam sobre a obrigatoriedade de multar em determinados pontos da Cidade. Isso já merece uma avaliação e uma apuração, eu diria até uma fiscalização, por parte da Câmara Municipal, dessa empresa, porque já em outros momentos se faziam denúncias. Mas as denúncias que mais preocuparam este Vereador, porque elas vinham acompanhadas de documentos, vinham acompanhadas de dados, não eram simples denúncias irresponsáveis de alguém que pudesse estar fazendo: eram de um agente-fiscal, um funcionário da EPTC, que denunciava diante do seu Diretor, dizendo o dia, o local, o horário, o número da placa e o condutor. Multas, guinchamentos estavam sendo realizados pelos fiscais dentro do que preconiza o Código, dentro das normas absolutamente corretas, o carro no guincho, quando recebiam - isso dito pelo agente-fiscal, me parece, Carlos Oliveira - telefonema da direção da EPTC desautorizando o guinchamento. Ora! Imaginem como procede um agente-fiscal que está imbuído da Lei, está fazendo esse procedimento, não só para aquele veículo, para diversos veículos que estão naquela situação! Então, dos dez veículos autuados, nove bota dentro do guincho e carrega, e o décimo não carrega, porque o Diretor da EPTC lhe telefonou ordenando que não fizesse o guinchamento. Depois foi ver, esse fiscal, acompanhou o processo, está nas denúncias o nome da pessoa lotada no Gabinete do Prefeito.

Ora, não é o Ver. Fernando Záchia, não é o Ver. Cássia Carpes, não é a Ver.ª Clênia Maranhão que tão bem presidiu a reunião: é o agente-fiscal, amparado pelo sindicato, que dá o nome das pessoas que teriam sido beneficiadas, Ver. João Antonio Dib, e apresentou dois casos com nome, com o número da placa, com dia, com horário.

Também esses agentes-fiscais denunciaram que funcionários da EPTC trabalham ou exploram serviços de táxi, funcionários da EPTC são simultaneamente proprietários de táxi. Quer dizer, quem é que fiscaliza, quem é que multa, quem é que participa do processo dos táxis? É a EPTC. Esses mesmos cidadãos obedecem a dois senhores: a seu emprego legítimo, a EPTC, e à outra atividade de proprietário de táxi.

Também denunciou esse fiscal, e apresentando documentos - já tinha sido falado, nesta Casa, por este Vereador, em 2001 - no sentido de que no período eleitoral de setembro e outubro do ano de 2000, em setembro, quando precedia o primeiro turno, e em outubro, entre o primeiro e segundo turnos, os dados fornecidos pela EPTC mostravam uma redução sensível das multas feitas pelos pardais. Buscando na documentação, no mês de junho, temos onze mil; no mês de julho, dez mil e duzentos; no mês de agosto, seis mil e duzentos; no mês de setembro, cinco mil e seiscentos; no mês de outubro, cinco mil e quatrocentos; e, no mês de novembro, volta-se aos patamares de nove mil; e em dezembro chega-se a dez mil, ficando nítido que em agosto, setembro e outubro houve uma redução considerável das multas dos pardais. São dados fornecidos pela EPTC a este Vereador, que os solicitou por intermédio de um pedido de informações. Mais surpreso fiquei quando o Agente se referia que ele, no dia 20 de outubro, cinco dias antes do segundo turno, quando exercia a atividade fiscal, com radar móvel, no corredor de ônibus, na Av. Assis Brasil, na Estação Centro Comercial, às 15h, controlando a velocidade de ônibus - que ali está limitada a 40 k/h - recebeu a determinação de seu superior para que não mais fizesse essa fiscalização. Cinco dias antes do segundo turno.

Isso, Ver. Cássia Carpes, tem de receber seqüência, por meio da CEDECONDH, que faz um belo trabalho, ou por meio da pluralidade dos Partidos, representados numa Comissão Especial, porque esses indícios nos dizem que temos que fiscalizar e investigar, para, se forem verdadeiros, nesta Casa, abrirmos uma CPI. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Queremos responder ao Requerimento do Ver. Sebastião Melo.

O Vereador requer que a Presidência desta Casa promova a devolução ao Sr. Prefeito dos documentos referentes à prestação de contas e balanço do Município, tendo em vista que o conjunto está incompleto, faltando os documentos da EPTC. No dia 15 de abril, conforme Ofício n.º 302 do Gabinete da Prefeitura, o Sr. Prefeito esclarece ao Presidente desta Casa, Ver. José Fortunati, informando o relatório de atividades da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, balanço de administração centralizada, balanço do DMAE, balanço do DEMHAB, balanço do DMLU, balanço da FASC, balanço da PROCEMPA, balanço da CARRIS e balanço da EPATUR, e que o balanço da EPTC será encaminhados a esta Casa até o dia 19 de abril, em virtude da não-realização da assembléia dos acionistas. Portanto, penso que respondemos ao Requerimento do Ver. Sebastião Melo, Presidente da CEFOR, no sentido de que, até o dia de hoje, estaremos recebendo, segundo informações do Sr. Prefeito, o balanço da EPTC.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, frente à intervenção do Ver. Fernando Záchia, esta Presidenta da CUTHAB, Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, se coloca à disposição para também fazer parte da Comissão, se assim for encaminhado, até porque a Comissão trata das questões dos transportes. Então, nós gostaríamos também de estar integrados nesta Comissão para avaliarmos, com a profundidade necessária, as denúncias aqui trazidas. Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Ver.ª Maristela Maffei, o Ver. Fernando Záchia apenas mencionou a disposição de constituir uma Comissão Especial. Até este momento, esta Presidência não tem nada nesse sentido, apenas a manifestação do Ver. Fernando Záchia.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

(05 oradores/05 minutos/com aparte)

 

1ª SESSÃO

 

PROC. 1357/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 034/02, que cria cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada do Município, e dá outras providências.

 

PROC. 1358/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/02, que cria e extingue cargos de provimento efetivo no Plano de Carreira do Departamento Municipal de Água e Esgotos.

 

PROC. 1359/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/02, que cria o Gabinete Municipal de Relações com a Comunidade, extingue a Coordenação de Relações com a Comunidade da Secretaria do Governo Municipal, extingue Cargos em Comissão e Funções Gratificadas constantes nas Leis nºs 4.308/77, 6.203/88, 6.253/88, 6.309/88 e 6.310/88, respectivamente os Planos de Carreira da FASC, DMAE, DMLU, Administração Centralizada e DEMHAB e cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1360/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/02, que cria o Gabinete Municipal de Comunicação Social no Município, extingue o Gabinete de Imprensa e o Gabinete de Relações Públicas, extingue Cargos em Comissão e Funções Gratificadas constantes nas Leis nºs 4.308/77, 6.203/88, 6.253/88, 6.309/88 e 6.310/88, respectivamente os Planos de Carreira da FASC, DMAE, DMLU, Administração Centralizada e DEMHAB e cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1269/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que denomina Carrion Júnior o complexo de viadutos de acesso da BR-602 à nova Estação de Passageiros do Aeroporto Salgado Filho.

 

PROC. 1361/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/02, que cria a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, extingue Cargos em Comissão constantes nas Leis nºs 6.203/88 e 6.310/88, respectivamente os Planos de Carreira do DMAE e DEMHAB e cria Cargos em Comissão e Funções Gratificadas na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1362/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/02, que cria a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar, Abastecimento e Agricultura, altera finalidades da Secretaria Municipal de Produção, Indústria e Comércio, cria Cargos em Comissão, Funções Gratificadas e cargos de provimento efetivo na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1376/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 041/02, que autoriza a abertura de crédito especial no valor de R$2.356.080,00 e dá outras providências.

 

PROC. 1351/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 065/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que concede o prêmio literário "Érico Veríssimo" a Antônio João Silvestre Mottin - Irmão Elvo Clemente.

 

PROC. 1377/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 074/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Praça Noel Guarany um logradouro público cadastrado, localizado no Bairro Restinga.

 

PROC. 1338/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que denomina Rua Fani Martins Job um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Águas Claras.

 

PROC. 1348/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 072/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que denomina Rua Ver. Dilamar Machado um logradouro cadastrado, localizado no Bairro Cidade Baixa.

 

PROC. 1363/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 040/02, que cria Cargos de Provimento Efetivo e Cargos em Comissão e Funções Gratificadas, nos Quadros da Administração Centralizada, e dá outras providências. (Hospital Materno Infantil Presidente Vargas)

 

PROC. 1365/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 073/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Attílio Marin um logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Moradas da Hípica.

 

PROC. 1410/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 066/02, de autoria do Ver. Nereu D'Avila, que concede o título honorífico de Líder Comunitário a Valmir Nunes Alves.

 

PROC. 1415/02 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que altera o art. 40 da Lei Complementar nº 434, de 1º de dezembro de 1999, e alterações posteriores (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental de Porto Alegre).

 

2ª SESSÃO

 

PROC. 1216/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 064/02, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera a redação do caput do art. 134-A da Resolução n.º 1.178, de 16 de julho de 1992, e alterações posteriores (Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre).(premiações e titulações honoríficas)

 

PROC. 1257/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 062/02, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que cria o Brique do Largo Glênio Peres e dá outras providências.

 

PROC. 1270/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 065/02, de autoria do Ver. Estilac Xavier, que denomina Rua Adão Jorge Silveira Falk um logradouro não-cadastrado, localizado no Bairro Coronel Aparício Borges.

 

PROC. 1279/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 067/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que concede o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor José Lara.

 

PROC. 1354/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 031/02, que cria quatro Funções Gratificadas de Gerente III e onze de Assistente Técnico na Administração Centralizada, extingue dezesseis Funções Gratificadas de Chefe de Setor e dá outras providências.

 

PROC. 1355/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 032/02, que cria um Cargo em Comissão de Procurador-Geral Adjunto, uma Função Gratificada de Coordenador e quatro de Chefe de Equipe na Administração Centralizada e dá outras providências.

 

PROC. 1356/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 033/02, que extingue e cria cargos de provimento efetivo na Fundação de Assistência Social e Cidadania. (Monitor e Técnico Social)

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1211/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que institui o Dia de Conscientização da Doação de Córneas no Município de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ADELI SELL: Ver. Paulo Brum, na presidência dos trabalhos, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, desejo comentar alguns projetos do Executivo Municipal, que tratam da criação de secretaria, até porque me fico perguntando por que, em alguns momentos - se fosse no corredor, eu aceitaria como uma brincadeira -, desta tribuna, alguns Vereadores dizem que estamos criando mais não sei quantas secretarias, tantos e tantos cargos de confiança, tantos e tantos cargos, que serão providos por concurso. É uma coisa inaceitável!

Há pouco vi no Plenário uma grande faixa solicitando que se apreciasse o encaminhamento e votação dos cargos do Hospital Presidente Vargas. Aqui, a cada dia, pressionam-nos para que aprovemos um projeto dos biólogos, de que a SMAM necessita. E alguns Vereadores fazem release para a imprensa, fazem pronunciamentos aqui como se estivéssemos criando um “supertrem” de cargos. É um negócio inadmissível que, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, na Câmara da Capital do Rio Grande do Sul, exemplo para o País, se faça esse tipo de comentário, quando, em vários momentos, nos criticam porque faltam agentes de saúde nos postos de saúde. E quando a Prefeitura monta um dispositivo, discutido com muita tranqüilidade, para a formação de um novo quadro de funcionários, de um hospital que não era municipal, e que agora é do Município e tem que ser gerenciado por nós, está criando um “trem da alegria”? Onde estamos? Gostaria de dizer de onde surgiu essa expressão. Eu posso lembrar àqueles que se esquecem: surgiu naqueles momentos em que não havia democracia neste País, em que se dava canetaço, em que se indicavam pessoas sem concurso público - isso é do passado do Brasil. Agora, há concurso público, e nós podemos fiscalizar. Se o problema fosse esse, se nós estivéssemos fazendo uma barbaridade... Então façam uma CPI, façam uma sindicância, ajam como Vereadores, façam a fiscalização. Agora, fazer discursos aqui, falando de trenzinho da alegria... Onde nós estamos? Esta é uma Casa Legislativa, é a Casa do Povo, onde se discute política.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, sempre falam no passado, mas no passado, nós fazíamos a coisa com correção. Nós não fazíamos concursos, mas chamávamos por carta-contrato.

 

O SR. ADELI SELL: Nós, quem, Vereador? V. Ex.ª pode ser, mas nem todos, no passado, eram João Antonio Dib, nem todos. Como também hoje nem todos são como nós somos. Há diferenças e há de se marcar as diferenças. Nós queremos fazer política com transparência, com lisura. Nós estamos abertos a discutir e a sermos criticados. Por exemplo, nós queremos criar uma Secretaria de Segurança Alimentar, Abastecimento e Agricultura. Ou uma Capital não se tem de preocupar com o abastecimento alimentar? Ou os Vereadores não circulam pela periferia da Cidade? Ou os Vereadores não conhecem o que se passa na Grande Cruzeiro, na Restinga? Ou alguém não conhece - de que se fala muito - o favelão do PT? Agora, por que nós temos a situação ali na entrada da Cidade, onde as pessoas têm dificuldades e têm problemas alimentares? Quando nós criamos as feiras e diminuímos os preços dos hortifrutigranjeiros em 22%, ninguém reconhece. Pois nós temos de reconhecer! E nós queremos criar uma secretaria com esse perfil, com esse mote, para que se possa tratar de uma questão grave do Brasil inteiro e não apenas de Porto Alegre.

Não se trata de criarem-se mais cargos; trata-se, sim, de fazer-se uma divisão administrativa moderna e ousada. Eu, como Vereador da situação, toda vez que o Poder Público não funciona, do meu Partido ou não, como é o caso do Governo Federal, eu reclamo, porque Vereador tem de fiscalizar tudo e todos. Essa é a nossa missão, sejamos da situação ou da oposição. Agora, de discurso, eu cansei. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir a Pauta.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, é ousada a nossa Prefeitura Municipal, é ousada e rompe com a lógica que se estava constituindo neste Estado e neste País de que o Estado teria que deixar na mão do mercado a solução dos problemas básicos da população, de que a livre concorrência e a livre iniciativa resolveriam tudo, de que ao Estado caberia ser mínimo e retirar-se das funções básicas de condições de sobrevivência da população.

Isso, para nós, fala muito claro que era uma política de aprofundar ainda mais a exclusão social, uma política que reservava a quem podia comprar a possibilidade de ter saúde, educação, saneamento básico, e relegava, à grande maioria despossuída, os restos, as migalhas do pouco de público que sobrou de anos e anos de apropriação privada e de corrupção com o Estado público.

Nós, em Porto Alegre, fizemos o inverso: rompemos com essa lógica. Com uma política austera e uma discussão participativa na Cidade, invertem-se prioridades, ganha-se pujança, tem-se a capacidade de investimento e propõe-se, cada vez mais, um Estado presente e com políticas ousadas. Nós estamos criando duas secretarias: de uma já existe uma coordenadoria, que é a Secretaria dos Direitos Humanos, vanguarda na consecução, na construção de políticas públicas de inclusão dos mais diferentes grupos excluídos: os negros, os portadores de HIV, as mulheres, os que têm opção sexual diferente da maioria. Nós constituímos uma coordenação de direitos humanos, não com a idéia, de novo, de “guetizar”, de segmentar, de colocar em algum lugar algumas pessoas que pensem e respondam por políticas para esses segregados ou para esses discriminados, mas sim com a idéia de incorporar, nas diferentes políticas públicas, nas políticas de todas as secretarias, políticas que contemplem a inclusão social. É romper com a idéia que tínhamos de paternalismo, de assistencialismo aos portadores de deficiência, aos negros, aos portadores de HIV, e fazer com que toda a política pública preveja o diferente, preveja a diferença, preveja essas diferenças que antes segmentavam e que hoje significam apenas diferenças, e às quais precisamos dar a sensibilidade e o atendimento especializado. Com essa característica é que nasce a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, para atuar de forma interdisciplinar, para atuar de forma intersecretarias, para produzir e responder por políticas públicas de inclusão social, para estimular, cobrar, incentivar e construir, intersecretarias, essas políticas, para incidir lá na educação, lá na política da saúde, para incidir lá na política de geração de renda, respondendo pela necessidade específica das mulheres, do povo indígena, etc. É uma secretaria modesta, não cria nem cargos novos, extingue três cargos em comissão, que hoje já há na Coordenadoria, e cria quatro; cria algumas poucas FGs. Quer dizer, é um Governo que tem preocupação, Ver. João Antonio Dib, com o aumento de gasto com pessoal, mas é um Governo que não foge da sua responsabilidade de constituir estruturas que respondam à construção de novos direitos que a nossa sociedade já incorporou, dos quais é fácil falar, fácil defender na teoria, mas que poucos concretizam na prática.

Esta é a idéia da Secretaria Municipal de Direitos Humanos, uma idéia de ir mais longe ainda na garantia de direitos, de dar mais concretude ainda à responsabilidade que o Estado público tem, sim, de acolher os que até então foram discriminados por uma sociedade padronizadora, elitista, selecionadora. Então, é bem-vindo este projeto e, com este perfil, com esse viés, é que eu espero que esta Casa faça a discussão e que faça uma leitura cuidadosa, não uma leitura leviana, que temos visto aqui, de somar número de cargos e chamar de trenzinho da alegria. E, sim, com profundo respeito do que significa, de conquista social, transformar uma Coordenadoria de Direitos Humanos em Secretaria. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, eu quero dar um cumprimento muito especial, uma saudação ao Dr. Marcelo Beckhausen, Procurador Regional dos Direitos do Cidadão, Procurador da República. O Dr. Marcelo tem-se mostrado bastante sensível às questões que envolvem, em especial, as pessoas portadoras de deficiência.

Nós encaminhamos à Procuradoria, em nome da FREDEF, da qual eu sou presidente, um ofício, solicitando que o Ministério Público Federal estendesse os benefícios, ou seja, uma liminar concedida pela Juíza da Comarca de Passo Fundo, estendendo a renda per capita de um quarto de salário mínimo para meio salário mínimo às pessoas portadoras de deficiência, que buscassem o direito do benefício da pensão continuada, ou seja, um salário mínimo às pessoas portadoras de deficiência, comprovadamente carentes.

Nós recebemos um comunicado do Dr. Marcelo informando a instauração nesta Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, conforme termo anexo, do procedimento administrativo n. º 191/2002, processo número tal, com base na correspondência de V. S.ª, datada de 13 de março de 2002. Vamos apregoar e deixar no registro dos Anais desta Casa o termo de instauração do procedimento administrativo do Ministério Público Federal. (Lê.)

“Considerando a decisão liminar proferida na 2.ª Vara Federal de Passo Fundo/RS, na Ação Civil Pública de autoria do Ministério Público Federal, tendo como réus o Instituto Nacional de Seguridade e Assistência Social - INSS e a União Federal, a qual impõe, como mandamento principal o reconhecimento do direito ao benefício previsto no art. 203, inciso V da Constituição Federal para os portadores de deficiência e idosos que cumpram o requisito legal, de renda per capita familiar de até meio salário mínimo, válida para os Municípios pertencentes à circunscrição judiciária de Passo Fundo/RS;

Considerando o ofício da Federação Rio-Grandense de Entidades de Deficientes Físicos – FREDEF -, noticiando tal decisão e solicitando a extensão, por meio de nota, nova Ação Civil Pública, a todos os que se enquadrem nas condições da mesma no Estado do Rio Grande do Sul;

Considerando que a Lei n.º 7853, de 24 de outubro de 1989, no seu artigo 3.º confere legitimidade ao Ministério Público para a propositura de Ação Civil Pública para a defesa de direitos de portadores de deficiência;

Considerando que a defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis é função institucional do Ministério Público, conforme a Constituição Federal de 1988 no seu art. 127;

Considerando que é atribuição do Ministério Público Federal instaurar inquéritos civis públicos e procedimentos administrativos correlatos, Lei Complementar n.º 75/93.

Determino a instauração do presente Procedimento Administrativo Benefício de Assistência Social, conforme art. 203, inciso V da nossa Constituição Federal: novos parâmetros, devendo ocorrer as anotações de estilo. Oficie-se a representante, informando a transformação da representação nesse Procedimento Administrativo, e de seu número, devendo estar o ofício acompanhado de cópia deste termo. Dr. Marcelo Veiga Beckhausen - Procurador Regional dos Direitos do Cidadão - Procurador da República.”

Portanto, penso que é o início de mais uma vitória que empregamos na luta de buscar os plenos direitos das pessoas portadoras de deficiência, e o Estado do Rio Grande do Sul estará travando uma discussão em nível nacional para corrigir isso que chamamos de uma certa discriminação quanto ao encaminhamento do benefício às pessoas portadoras de deficiência. Visto que em todos os programas sociais e efetivados pelo Governo Federal há como parâmetro a concessão do benefício às pessoas ou às famílias que comprovarem uma renda per capita de até meio salário mínimo. Fica a nossa indagação: por que para conceder o benefício às pessoas portadoras de deficiência é considerada uma renda per capita de um quarto do salário mínimo? Penso que com essa ação que estamos travando agora, com o apoio total do Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul, estamos abrindo essa discussão em nível nacional e queremos corrigir isso que, a nosso ver, está-se tornando uma discriminação no que tange a conceder esse benefício às pessoas portadoras de deficiência e aos nossos idosos do Rio Grande do Sul e do nosso País. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente em exercício, Ver. Aldacir Oliboni, Srs. Vereadores, Ver. João Antonio Dib, na Pauta extensa de hoje, há inúmeros projetos de criação de cargos. Que bom que temos projetos de criação de cargos. Nós pensamos diferente do Ver. Sebastião Melo. Não queremos aquela lógica de um Estado grande para os grandes; um Estado pequeno para os pequenos. Nós temos a consciência da função do Estado, ou seja, um Estado que cumpra com a sua destinação beneficia as pessoas mais “despossuídas”. Nesse sentido, nós estamos propondo a criação de cargos no Hospital Presidente Vargas. Diga-se de passagem, o Ver. Haroldo de Souza, que usou a tribuna outro dia no período de Liderança, quando eu não pude aparteá-lo, disse que havíamos encerrado a Sessão mais cedo, aprovando uma Lei do Ver. Dr. Goulart, apenas para possibilitar que o Orçamento Participativo pudesse iniciar sua sessão. Esse é um grande equívoco do Vereador, o que, a meu juízo, é crítico e político, tem direito, tem o mandato para dizer isso. Aliás, o microfone aceita qualquer coisa. Aqui cada um fala o que quer. Nós, desde o início, apoiávamos aquela proposta do Ver. Dr. Goulart, que são aquelas propostas que saem fora das disputas político-partidárias que fazemos aqui no dia-a-dia. Aquele dia, este Vereador que, inclusive, havia auxiliado o Ver. Dr. Goulart a formular o Substitutivo, defendeu, desde o início da Sessão, que aquele Veto fosse derrubado. O Veto tinha de ser aposto pelo Prefeito, porque havia vícios de inconstitucionalidade. Mas nós tínhamos, desde o início da Sessão, a convicção e trabalhávamos com todo o vigor para que aquele Veto fosse derrubado, porque dizíamos aqui em alto e bom tom que a vida ficava acima do mercado. Foi absolutamente inverídico aquilo que foi dito do encerramento mais cedo da Sessão, que queríamos derrubar o Veto do Prefeito apenas para que pudesse ser realizada a sessão do Orçamento Participativo, Ver. Dr. Goulart, que é a melhor testemunha para o que estou dizendo, se isso é verdade ou não.

Temos, de novo, uma matéria que não tem nada a ver com a grande disputa política que fazemos nesta Casa. Eu sempre digo que aqui nesta Casa há um grupo de neoliberais, composto pelo PTB, PHS, PMDB, PFL; há um grupo do PDT, um partido que oscila, fazendo composições ora em um campo, ora em outro; e há aqueles que entendem que o projeto democrático popular é o projeto que melhor encaminha as necessidades da população. Mas quero dizer o seguinte, Ver. Dr. Goulart, que conhece o Hospital Presidente Vargas, por exemplo, que compõe o PLE n.º 040/02, que está na Pauta, é daqueles Projetos iguais àquele de V. Ex.ª, é daqueles Projetos sobre que não cabe aqui tergiversação, não cabe tautologia, que não cabe aqui fazer disputas político-partidárias, eleitoreiras, apenas para angariar votos. Estamos aqui tratando da saúde da população desta Cidade. Um hospital materno infantil dedicado à mulher, à criança e ao adolescente, que há muito tempo vinha sendo mal gerido, mercê da sua estruturação meramente por meio de um convênio e com funcionários da FUGAST. Eu tenho a certeza de que o próprio Ver. Dr. Goulart vai se empenhar, de forma definitiva, na aprovação desta matéria, de forma urgente, porque ela é de absoluta necessidade da população desta Cidade.

 

A Sr.ª Maristela Maffei: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sem querer atrapalhar, já agradecendo o aparte, estou lembrando que, além da questão do Hospital Presidente Vargas, na Lomba do Pinheiro, nós estamos aguardando a aprovação deste Projeto para abertura do Posto 24 Horas que vai atender toda aquela comunidade. Acho que é uma responsabilidade, e com certeza haverá a sensibilidade de todas as bancadas desta Casa. Muito obrigada.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: O Hospital Presidente Vargas passa a funcionar a partir de agora, dentro das diretrizes do SUS, de forma absoluta e, Ver. João Antonio Dib, gostaria que V. Ex.ª se detivesse num detalhe: No pacto que foi feito em agosto de 2000, entre o Ministério da Saúde e a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, há um dispositivo importante, porque nós estamos recebendo em torno de quatrocentos servidores públicos federais, que estão lotados no Hospital Presidente Vargas, e sempre que houver problemas de falecimento, aposentadorias, afastamentos por interesse próprio, ou qualquer outro motivo, será feita uma revisão por parte dos órgãos de recursos humanos da União, do Município, e aquelas vagas que deixam de existir serão compensadas por uma maior remuneração do Governo Federal. Esta, portanto, é uma proposta que eu tenho a certeza de que será, de forma séria, aprovada por esta Casa, e igualmente à proposta aprovada pelo Ver. Dr. Goulart, não comporta aqui tergiversações nem interpretações político-eleitoreiras. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Aldacir Oliboni): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores, na Pauta, quero trazer à consideração dois Projetos importantes e fazer um vínculo com os debates que ocorreram aqui nesta manhã. Quero voltar à questão do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, e já me reportar à intervenção da Ver.ª Maristela Maffei sobre o posto da Lomba do Pinheiro.

O Ver. Sebastião Melo faz um Requerimento e coloca todos os processos que envolvem a extinção de cargos, funções gratificadas ou mesmo a criação de outros. Nós estamos aqui desenvolvendo uma política que atende às discussões nas comunidades: a Secretaria da Agricultura, o Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas, mas o que quer o Ver. Sebastião Melo? Quer colocar tudo, impedindo a realização. Alerto os Vereadores que ele fez um Requerimento, o qual não pode ser aprovado aqui na Casa, e a Mesa até não recebeu o Requerimento, porque ele, frontalmente - o art. 19, inc. II, letra j, e que bate com a disposição dos funcionários do HPV, das necessidades deste Hospital Materno-Infantil, e mais, Ver. João Antonio Dib -, vai de encontro a sua requisição permanente, sobre a requisição permanente das cartas-contrato. Pois está aqui o Projeto.

 

O Sr. Sebastião Melo: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado. Em nome da reposição da verdade, V. Ex.ª repete, pela segunda vez, tentando colocar-me em uma situação que eu não referi. Eu requeri, vou sustentar e tenho argumento suficiente, mas eu não disse, na minha manifestação no Requerimento, que sou contra a criação do Getúlio Vargas, não, eu estou dizendo que quero analisar os projetos de forma coletiva e juntamente. Então, por favor, vamos até o que foi dito no Requerimento, e não além do Requerimento. Do contrário, V. Ex.ª estará querendo me expor, dizendo: “Olha, V. Ex.ª é contra.” Eu não tenho julgamento de mérito sobre a matéria. Agora, o Governo de V. Ex.ª quer fazer uma reforma administrativa. O Governo de V. Ex.ª quer fazer uma reforma administrativa de forma velada, e V. Ex.ª tem que assumir isto: o fracasso do seu Governo na área de pessoal.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: V. Ex.ª, no seu Requerimento, chama de atitude sorrateira, para criar cargos para os “companheiros”.

 

O Sr. Sebastião Melo: E confirmo. E confirmo.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Quero lhe perguntar, Ver. Sebastião Melo, se os funcionários do HPV, que estão neste Projeto que está em discussão aqui, são “companheiros” ou são cidadãos que querem participar do processo liso da concorrência para participar da atividade pública? Não são. Não é como V. Ex.ª falou.

 

O Sr. Aldacir Oliboni: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado, Ver. Estilac Xavier, é importante que se diga para o conjunto da sociedade de Porto Alegre que esta é uma demanda essencialmente urgente, até porque, são mais de seiscentos servidores concursados que, por sua vez, estão exercendo o seu direito legítimo de serem chamados. Atende a uma reivindicação do nobre Ver. João Antonio Dib, que reclamava muito das cartas-contrato, e agora o Governo, então, sensibilizado com o problema e na idéia de aumentar não só o número de vagas para Porto Alegre como também atender a uma demanda dos trabalhadores, é que está de fato chamando os quatrocentos e setenta e dois e mais duzentos para a rede básica.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Agradeço o enriquecimento do seu aparte, mas Ver. Pedro Américo Leal e Ver. Humberto Goulart, um ex-Presidente da nossa Comissão de Saúde, hoje, e o outro o atual Presidente, como pode o Ver. Sebastião Melo dizer que o Hospital Materno-Infantil, que vai ter a criação de quatrocentos e setenta e dois cargos de provimento efetivo, Ver. Sebastião Melo, V. Ex.ª sabe o que é provimento efetivo? Claro que sabe. V. Ex.ª é um homem culto, letrado e um profissional do Direito, como é que pode dizer que isto aqui são cargos para “companheiros” do PT? Ou ainda a substituição dos duzentos e dezesseis servidores que saíram, porque eram oriundos da esfera estatal, federal ou estadual. Não se pode tratar um assunto sério.... Eu estou lhe fazendo um repto político, sim, Ver. Sebastião Melo, me dê o direito de fazer uma leitura da sua posição política, e é uma leitura cirúrgica, asséptica: “Eu estou vendo vinte projetos, mil e trezentos cargos; são os cargos dos ‘companheiros’ do PT.” Esqueceu que são provimentos efetivos por concurso público. Como se pode dizer isso? A não ser que queira, usando este expediente, impedir que seja criado o Hospital Presidente Vargas, impedir que seja resolvido o problema dos técnicos da água lá do DMAE, que é outro Projeto que está aqui. Ver. Sebastião Melo, há tempo para retomar o bom caminho da defesa da água e da saúde pública. V. Ex.ª foi meu relator na Comissão que lutou contra a privatização da água no Brasil, do Governo Fernando Henrique Cardoso, de que V. Ex.ª participa e agora vai fazer parte da sua sucessão, com a vice na presidência inclusive. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, “O direito nasce do dever.” É uma frase que está impressa em todos os memorandos que saem do meu gabinete. E, se ela está impressa, é porque eu acredito nela, assim como eu acredito quando eu digo “saúde e paz” - sai do fundo do meu coração. E o dever de um Prefeito, que é escolhido pelo povo, é o de trabalhar para a colméia e não para si, e a colméia, no caso, é a coletividade. E o nosso Prefeito, que nos abandonou, não trabalhou para a coletividade, não cumpriu o seu dever. Se tivesse cumprido com o seu dever, nós não estaríamos aqui discutindo se é para analisar todos os processos de uma vez só ou se isoladamente.

Hoje, há oito projetos de lei do Prefeito que abandonou a Cidade. Oito. Outros já estão na Pauta de dias anteriores e provavelmente novos virão. Claro que cada um deles deve ser examinado de forma correta, de forma sensata, de forma responsável. No caso do mais premente, que é o do Hospital Presidente Vargas, é bom que se veja que há técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem, os auxiliares de enfermagem são concursados e a coisa é a mesma, que eles não se iludam que não vão chamar os auxiliares de enfermagem que deveriam ter sido chamados. Mas, se eu afirmo que o direito nasce do dever, o Prefeito que nos abandonou não cumpriu o seu dever. Ele já sabia, antes de assumir, que o Hospital Presidente Vargas tinha passado para a responsabilidade da Prefeitura. Ele sabia, como sabia o seu antecessor, que precisava mandar criar o número de cargos necessários para não continuar fazendo cartas-contrato, e alguns contratados seis vezes e outros não chamados. Então é necessário, sim, que se criem os cargos, mas que essas pessoas sejam chamadas imediatamente, não como na outra vez em que nós criamos os cargos e eles ainda continuaram fazendo cartas-contrato. É necessário, mas eu não entendi por que, junto com a criação de cargos para o Hospital Presidente Vargas, estamos criando cinqüenta vagas para Assistente Administrativo. Mas há duas Secretarias que ele quer criar: uma delas, a Secretaria Municipal dos Direitos Humanos. Eu sou favorável só aos deveres humanos. Se cada um cumprir com o seu dever, nós não precisaremos nos preocupar com os direitos. Porque é meu dever, é dever do Prefeito que abandonou a Cidade buscar soluções para os problemas da coletividade. Então, se todos cumprirem o seu dever, os direitos que eu tiver me serão assegurados. Não basta a Constituição dizer que o salário-mínimo deve sustentar uma família de quatro pessoas. Está na Constituição: casa, comida, educação, lazer, saúde. O salário-mínimo, segundo a Constituição, faz tudo isso. A Lei Orgânica do Município diz que todos os funcionários têm direito a creche para os seus filhos de zero a seis anos. Todos os Prefeitos que ali passaram, nos últimos treze anos - e a Lei Orgânica é dos últimos treze anos –, não cumpriram com a Lei Orgânica, não deram isso para os filhos dos servidores. Então não basta dizer que existam direitos, é preciso que cumpram com o seu dever. E o Prefeito que foi escolhido pelo povo não cumpriu o seu dever, não governou a Cidade, deixou que as coisas ocorressem da forma que ocorreram. Sabendo que havia reclamações diárias, desta tribuna, contra as cartas-contrato, continuou fazendo carta-contrato. E, para não terem dúvidas, há poucos dias, na semana passada, foi renovada carta-contrato na Secretária de Saúde. Está acontecendo o quê? Nós temos responsabilidade sobre os nossos atos ou apenas fazemos leis? Vai fazer a lei que cria a Secretaria Municipal de Segurança Alimentar, Abastecimento e quantas mais, mas esqueceu que extinguiu a zona rural! Mas, se extinguiu a zona rural, agora quer dar força à zona rural? O que falta, Ver.ª Sofia Cavedon, a quem terei o prazer de dar o aparte, é responsabilidade, é senso do dever.

 

A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. João Antonio Dib, respeito o seu ponto de vista, mas poderíamos fazer uma leitura por outro ponto de vista completamente divergente. Dou-lhe um exemplo: se não fossem renovadas as cartas-contrato, os serviços cessariam. Estamos exatamente vindo aqui corrigir isso. Possibilitar, por meio de nomeações, que se resolva o problema de ter que se manter serviços com cartas-contrato, e o Governo o faz, equilibrando o seu orçamento público e o seu gasto com pessoal.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Ver.ª Sofia Cavedon, claro que o aparte de V. Ex.ª abrilhantou o meu discurso, mas vou lembrar-lhe que nós criamos vagas de professoras, V. Ex.ª era Secretária-Substituta, e cartas-contrato aconteceram depois da criação da Lei. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Encerrada a discussão de Pauta. O Ver. Raul Carrion está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Sr. Presidente, Ver. Paulo Brum, que dirige os trabalhos, demais Vereadores, Vereadoras, os que nos assistem aqui e também nas suas casas. Nós queríamos, em primeiro lugar, no dia de hoje, registrar que amanhã, 20 de abril, se comemoram os cem anos da Associação Satélite Prontidão. Todos sabemos o significado e a dificuldade de completar cem anos para qualquer instituição, para qualquer organização social. Mas isso é ainda mais relevante para uma sociedade formada e mantida pelos negros, pelos afro-descendentes, tão selvagemente explorados, oprimidos e discriminados na nossa sociedade essencialmente branca. A Associação Satélite Prontidão desenvolve, desde 20 de abril de 1902, um enorme trabalho cultural, político e social em prol da construção da cidadania da população negra e afro-descendente, na nossa Cidade. Os comunistas, aliados históricos do povo negro, compreendem que a questão racial é a questão social mais antiga no Brasil. E temos claro que nos dias de hoje, marcados pelo domínio do capitalismo neoliberal, o racismo continua sendo um elemento fundamental para a preservação dos antigos privilégios de classes.

Por isso mesmo, buscando o resgate da cidadania negra e afro-descendente, protocolamos nesta Casa, no dia 02 de janeiro de 2002, um Projeto concedendo o Prêmio Quilombo dos Palmares, na modalidade de atuação política e social, à Associação Satélite Prontidão, Projeto esse feito em conjunto com o Ver. Humberto Goulart, e, para a sua aprovação, contamos com o apoio de todos os nobres colegas.

Homenageamos, então, no dia de hoje, o aniversário, que deverá ocorrer amanhã, da Associação Satélite Prontidão.

Em segundo lugar, queremos divulgar e convidar os Srs. Vereadores e todos os que nos escutam para o Seminário Estadual de Formação e mobilização sobre o ALCA, o Acordo de Livre Comércio das Américas. O Seminário se realizará neste sábado, a partir do dia de amanhã, às 9h, e também no domingo, no Colégio Estadual Protásio Alves.

Eu diria que é desnecessário dizer da importância, neste momento, de um seminário sobre esse importante tema, pois é preciso que toda a cidadania de Porto Alegre, do Rio Grande do Sul e do nosso País se aproprie do conhecimento e do significado terrível para os povos latino-americanos da imposição do ALCA, que levará simplesmente à recolonização dos nossos países. É preciso dizer que o ALCA pretende – dizem eles – integrar as economias das Américas, mas esquecem de dizer que, hoje, nós temos um desequilíbrio terrível. De um lado, nós temos os Estados Unidos, a grande potência americana, que tem 76% do PIB das Américas; do outro lado, nós temos os demais países que têm economias debilitadas, economias subordinadas, e que, portanto, hoje, o chamado ALCA é a parceria entre o lobo e o cordeiro, entre o leão e a gazela, onde os nossos países, ao abrirem os seus mercados, ao abrirem as suas fronteiras para os capitais, para as mercadorias norte-americanas estarão decretando o fim, a liquidação das suas economias nacionais. E o exemplo do México é um exemplo elucidativo, não é? Ao que levará essa integração, se aceitarmos isso. Por isso, e concluo, Sr. Presidente, a importância desse Seminário neste final de semana no Colégio Protásio Alves, que estará aberto à inscrição de qualquer cidadão ou cidadã sem qualquer custo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras, Srs. Vereadores, quero inicialmente expressar, também, a minha preocupação em relação aos procedimentos que estão sendo tomados em relação ao HPV, um Hospital que tem uma relevância enorme para a cidade de Porto Alegre, um Hospital reconhecido, inclusive intitulado Hospital Amigo da Criança. Porém, eu vou me reportar nesses poucos minutos de Liderança do meu Partido, o PPS, a um tema que está em pauta na Cidade, inclusive porque hoje os Agentes de Trânsito, os azuizinhos estão paralisados em Porto Alegre.

Nós temos acompanhado aqui na Câmara, há vários anos, a questão dos azuizinhos, a questão dos pardais, enfim, toda essa problemática, por intermédio da atuação do Ver. Luiz Fernando Záchia, que é, seguramente, o Vereador que tem acompanhado isso com maior assiduidade e que detém o maior número de informações sobre essa questão extremamente importante para a nossa Cidade. Porém, ontem, na condição de Presidente da Comissão do Consumidor e Direitos Humanos desta Casa, por uma iniciativa do Vereador Cássia Carpes, atendendo a um pedido do Presidente do Sindicato da categoria, se reabriu um processo que estava tramitando na Comissão de Direitos Humanos, desde a gestão do Ver. João Bosco Vaz, onde o Sindicato e vários Agentes de Trânsito trouxeram a nossa Comissão denúncias, em uma reunião que durou quatro horas na tarde de ontem. Foi uma reunião extremamente tensa, uma reunião onde os Agentes de Trânsito apresentaram indícios extremamente graves, que seguramente serão investigados pela Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos. Nós cumpriremos a nossa responsabilidade de investigar as denúncias, que vão desde privilégios políticos dentro da empresa, passando pela denúncia de perseguições a Agentes da Empresa que não compactuam com a gestão da EPTC, até a grave denúncia da falta de condições de segurança dos trabalhadores, dos nossos azuizinhos, que estão nas ruas cumprindo atividades que não deveriam ser de atribuição dos Agentes. Há também várias irregularidades denunciadas de uma relação que eles chamaram de relação incestuosa entre empresa e setores empresariais daqueles segmentos. Trata-se de um conjunto de denúncias graves numa área absolutamente frágil da Administração Popular, dita popular em Porto Alegre, que tem ocasionado um sério problema na relação da sociedade com os azuizinhos, que estão nas ruas, em atividade profissional, cumprindo a política da Empresa, que não prioriza a questão da educação para o trânsito, mas a questão da fiscalização como um subproduto de arrecadação financeira. Isso tem trazido prejuízos para a comunidade, para os consumidores, para os contribuintes deste Município.

Nós temos respondido à imprensa, após consulta aos membros da Comissão, que a nossa Comissão cumprirá o seu papel de investigação. Caberá a esta Casa, ao conjunto dos Vereadores, decidir se, além do instrumento que é a Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, serão abertos outros instrumentos, como Comissão Especial ou CPI. Reafirmamos que, perante a gravidade e os sérios indícios, como Comissão de Defesa do Consumidor, faremos as investigações necessárias, avaliaremos realmente a inadequação ou não das multas que são cobradas dos contribuintes. Nós discutiremos a posição e a vontade da maioria da sociedade porto-alegrense já expressa em várias oportunidades, ou seja, que deveria a Prefeitura de Porto Alegre substituir os pardais por lombadas eletrônicas. Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de dizer que não é minha responsabilidade, não é minha especialidade a questão do trânsito, mas é sim a responsabilidade da Comissão investigar os graves indícios que foram trazidos pelos Agentes de Fiscalização, inclusive demonstrando que o tipo de relação autoritária que se estabeleceu na Empresa tem trazido prejuízos para Cidade. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores e Sr.ªs Vereadoras, amigos presentes, hoje vou falar com alguns que, às vezes, abandonam projetos sociais para falar da política partidária, com o título “Fogueira de Vaidades”. Se não podemos ou não queremos falar ou discutir sobre projetos sociais, deixem-me meter minha colher, uma vez pelo menos, nesse assunto de tramas eleitorais. O título “Fogueira de Vaidades” lembra um livro que li faz tempo, “Vaidades dos Homens e das Mulheres”, e, por conseqüência, dos políticos, e cabe direitinho nos pensamentos e corações da vida pública nacional. É incrível que num Parlamento, no qual se deveriam discutir e aprovar assuntos de interesse do povo, assuntos referentes às suas necessidades básicas, alguns Vereadores venham aqui escancarar posturas políticas que deveriam ficar restritas, focalizadas nos bastidores dos arranjos da corrida presidencial. Nessa fogueira de vaidades arde o eleitor de bom senso que espera, sim, a definição do quadro eleitoral, mas que lamenta que isso não seja só tratado nos gabinetes dos partidos. O que é que o povo, que clama, que pede socorro, que implora por mais segurança, por mais escolas, escolas mais dignas para as crianças, que espera com ansiedade solução para os municipários - povo que deseja a CPI do DEMHAB de volta e uma possível CPI, agora, da EPTC, depois do que ouvimos ontem –, quer saber sobre o que o Sr. Brizola quer ou não quer? O que é que o povo quer saber sobre o que o Britto quer com esse joguinho de noiva, a espera de vários noivos para o casamento eleitoral? O que é que o povo quer saber, por enquanto, neste momento, do que se faz para construir uma frente trabalhista para conter o PT de ganhar o Governo Estadual pela segunda vez? O que é que o povo ganha com os discursos do PTB, do PPS e do PDT? O que é que o povo ganha com os discursos deles na posição de disputa ao Governo do Estado? O que o povo quer é o que vi e ouvi de vários políticos aqui na Casa na manhã de hoje, detalhando problemas que envolvem a sociedade. O Ver. Juarez Pinheiro foi um deles, o Ver. João Antonio Dib foi um deles, e outros mais.

A corrida ao Piratini reacende a fogueira das vaidades, e poderá até haver um possível apoio do íntegro homem político Pedro Simon no sentido de que ele acena com a possibilidade de apoiar o PT se o Britto for candidato e chegar ao segundo turno com o ex-Prefeito Tarso Genro. Estarrecedor isso para mim no mundo da política! O PT acenar e fazer carinhos ao Partido do bispo Edir Macedo, que horror! E o Lula agora recomenda até a Bíblia como sendo obrigatória nas salas de aula; credo! A que ponto chegamos! Um Partido que quer mostrar uma cara que, sabemos, não é dele. Até uma possível união do peemedebista Simon ao PT, do MST, dos “azuis”, dos pardais e de posições quase sempre de arrogância com ares ditatoriais. É ou não é angustiante? É ou não é profundamente lamentável que, pela corrida ao poder, os homens abandonem suas ideologias, façam pacto até com o diabo, pouco se lixando para o eleitorado que está aí, boquiaberto, ouvindo e acompanhando essas coisas?

Na verdade, na fogueira das vaidades, é difícil mesmo sair alguma coisa de uma sala de oposição, onde se fecham e tentam conversar figuras tão diferentes da história da política, como Leonel Brizola, Ciro Gomes, Sérgio Zambiasi, Antônio Britto, Pedro Simon, sempre com atuações individualizadas.

Enquanto isso, do outro lado, navega em águas tranqüilas, pela sua união e pela sua organização, o Partido dos Trabalhadores, com seus erros, sim – todos têm -, mas quilômetros-luz à frente do que se diz o bloco da oposição. Enquanto as labaredas da fogueira das vaidades vão queimando o mais profundo de uma oposição, o PT ensaia uma vitória, vitória essa que poderia ser difícil, suada, mas que, por essa fogueira das vaidades e individualismo dos nossos chamados líderes, vai-se tornando um filezinho mignon para aquele que, pelo bem ou pelo mal, é o menos desorganizado no retrato político do País.

É verdade, sim, Ver. Juarez Pinheiro, que um microfone aceita tudo, e eu sei bem disso há trinta e oito anos, e que se fala aquilo que se quer. Mas é uma pena que o microfone aqui seja usado para se falar o que quiser, sim, principalmente para tratar dos interesses individuais partidários, mentir para a população, e muito pouco para falar sobre o que realmente interessa à sociedade, sobre seus graves problemas. E, para o Sr. Ver. Juarez Pinheiro, até o que está errado, sendo do PT, passa a ser certo.

Para terminar, meus amigos da oposição, disputando vaidades, com mágoas e ressentimentos nessa oposição, o Prefeito fujão ganha o Piratini no primeiro tempo do jogo, não teremos segundo tempo, e muito menos prorrogação. Se é isso o que os grandes caciques da oposição querem, estão no caminho certo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para uma Comunicação de Líder, pelo PT.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Ver. Paulo Brum, na Presidência dos trabalhos desta manhã, Srs. Vereadores, Sr.ªs Vereadoras, público que nos acompanha aqui e pela TV Câmara, nós temos, hoje, um debate forte em relação a nossa Empresa Pública de Transporte e Circulação. Queremos contrapor com alguns dados. Ontem, o sindicato esteve presente na Comissão e este Vereador participou da reunião e prestou bastante atenção para o debate de ontem na Comissão.

Gostaria de mostrar um livreto que a EPTC entregou ao sindicato dos azuizinhos, dos fiscalizadores de trânsito. (Mostra o livreto.) Esta é uma proposta feita pela EPTC ao sindicato, baseada na pauta de reivindicações do sindicato. Ver. Fernando Záchia, aqui, nessa proposta da EPTC, além de a EPTC concordar com a maior parte da pauta de reivindicações dos Agentes Fiscalizadores de Trânsito, além de a EPTC avançar em propostas que esses Agentes colocam por intermédio do seu sindicato, não bastasse tudo isso, os cinqüenta pontos, além de eles terem a reposição da inflação bimestralmente, a EPTC oferece 10%, por mês, de abono. Não bastassem todas essas propostas, que onde não concorda ainda avança mais, a pauta de reivindicações do sindicato dos Agentes Fiscalizadores de Trânsito termina e a proposta da EPTC continua, e veja onde atinge, Ver. Dr. Goulart. Terminou a pauta de reivindicações proposta pelo sindicato e a EPTC continua: abono de faltas para gestante; importantíssimo; férias da empregada gestante; importantíssimo; licença-paternidade; adicional de atividade de operação de fiscalização. Isso não está na proposta do sindicato; está na proposta da EPTC. Vejam o que é mais absurdo: O sindicato faz uma pauta de reivindicações à EPTC, e ela faz uma contraproposta: silêncio do Sindicato; não responde. Vinte dias sem responder. A EPTC oficia, pede a resposta; aí vem a resposta: “Não aceitamos. Pauta original.” A EPTC faz uma segunda proposta, avança ainda mais. Vinte dias se passam e o sindicato não responde, não faz assembléia; a EPTC oficia. Cadê a resposta? O sindicato manda: “Pauta inicial. Não aceitamos a proposta.” A EPTC faz uma terceira proposta, que é esta aqui (Mostra livreto.), que avança muito além da pauta de reivindicações do próprio sindicato, e coloca ainda reivindicações que o sindicato não colocou. Quarenta dias e o sindicato não responde, manda um fax, dizendo: “Pauta inicial.” Não realiza assembléia e se recusa a sentar à mesa para negociar.

A direção desse sindicato deve ter responsabilidade com os seus dirigidos; são os sindicalizados, os azuizinhos, que querem os seus direitos, e têm direito e legitimidade para reivindicar isso, e a EPTC reconhece, concorda, avança, propõe, mas falta o outro lado sentar à mesa. Nós queremos que a Delegacia Regional do Trabalho participe, intermedie; não querem. Aí vieram na Comissão, ontem, e falaram até em privatização. Um trabalho que vem sendo reconhecido pela população... Quero dar um dado importante ao Ver. Fernando Záchia: o Sindicato dos Metroviários - V. Ex.ª tem uma relação com o TRENSURB, por isso a questão com o metrô - fez uma pauta de reivindicações, Ver. Dr. Goulart, e sabem quanto ele conseguiu, sem o apoio dedicado do Ver. Fernando Záchia, como se apóia agora o Sindicato dos azuizinhos? Dois por cento de reajuste salarial. E aqui tem a reposição bimestral, mais 10%, mais cinqüenta itens na pauta de reivindicações do Sindicato dos Metroviários. Por isso, essa é a melhor proposta para os trabalhadores no País. Nós queremos sentar com o Sindicato dos azuizinhos - estamos abertos ao diálogo - e, se for necessário, queremos a participação da Delegacia do Trabalho. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. SEBASTIÃO MELO (Requerimento): Sr. Presidente, (Lê.) “O Vereador que subscreve o presente requer seja convocado, com urgência, para depor na Comissão de Constituição e Justiça, o Sr. Coordenador das Relações com a Comunidade (Orçamento Participativo), para explicar a duplicação de votos de inscritos ocorrida durante as plenárias realizadas nesta mesma semana, em reuniões temáticas do Orçamento Participativo, que se desenvolveram nesta Câmara Municipal. Da mesma forma, investigar as atitudes da Prefeitura Municipal, que, na data de hoje, sexta-feira, dia 19 de abril de 2002, exerceu violenta pressão e censura sobre a Rádio Esperança, programa Comunidade em Ação, proibindo a continuidade da realização dos comentários diários do Sr. Marcos Bernardi, por causa de sua oposição às práticas da Prefeitura Municipal nas plenárias do Orçamento Participativo, em público, durante a realização das mesmas, e da denúncia de fraude, também em público, tendo cobrado atitudes dos membros do Poder Executivo. Para tanto requer também a convocação da Sr.ª Vera Quadrado Spolidoro para depor na Comissão de Constituição e Justiça, bem como convocar para depor os diretores da Rádio Esperança e o comunicador titular do programa Comunidade em Ação. Essa atitude da Prefeitura representa um violento atentado à liberdade de pensamento e de imprensa, submetida pela opressão econômica representada ...”

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Por favor Vereador, V. Ex.ª já está encaminhando o Requerimento. V. Ex.ª encaminhe à Mesa e a Mesa tomará as providências cabíveis. Ver. Sebastião Melo, V. Ex.ª vai encaminhar à Mesa o seu Requerimento? Ver. Sebastião Melo, por favor! (Pausa.) Estamos recebendo...

 

(Manifestações, no Plenário, de alguns Vereadores.)

 

Como já informei logo no início, até em indagação feita à Mesa pelo Líder do PT, Ver. Marcelo Danéris, a Presidência recebe qualquer manifestação dos Srs. Vereadores, qualquer requerimento. Qualquer Vereador é livre para encaminhar à Mesa requerimento. A partir do momento em que a Presidência ficar sabendo do conteúdo da própria manifestação do Vereador, tomará as providências cabíveis, com certeza.

 

O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, mais uma vez o Ver. Sebastião Melo faz um Requerimento, e não é Presidente da CCJ. Eu gostaria de requerer que o Presidente da CCJ se pronunciasse, porque o Ver. Sebastião Melo está convocando para uma Comissão de que ele sequer faz parte.

Sr. Presidente, requeiro que o Presidente da Comissão se pronuncie aqui sobre o Requerimento do Ver. Sebastião Melo

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Foi exatamente nesses termos que esta Presidência se manifestou. O Vereador fez uma manifestação, e nós não temos como adivinhar qual será o pronunciamento e a manifestação do Vereador.

 

O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): Sr. Presidente, pergunto se qualquer Vereador pode formular requerimento à Comissão de Constituição e Justiça e em que condições o Requerimento é votado em Plenário. Quais são os que são votados? Qualquer Vereador pode fazer requerimento à Comissão?

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Qualquer Vereador.

 

O SR. ISAAC AINHORN: Eu gostaria de saber quais os requerimentos que são antes submetidos ao Plenário para posterior autorização de remessa à Comissão de Constituição e Justiça.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Responderemos a V. Ex.ª assim que obtivermos informações da Diretoria Legislativa.

O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito embora o Ver. Estilac Xavier tenha dito que este Vereador não pode visitar os seus eleitores e a população desta Cidade quando recebe uma reclamação e não pode tentar averiguar o que está acontecendo - disse que isso não é função de um Vereador -, este Vereador foi fazer uma visita à Escola Dom Diogo de Souza. Essa escola foi aquela da qual - lemos a notícia nos jornais - havia caído o forro. Só que a notícia foi veiculada de uma maneira muito simples. Nós fomos até a Escola, fizemos uma filmagem, inclusive, das coisas que estão acontecendo na Escola Dom Diogo de Souza. A Diretora da Escola já interditou doze salas de aula. Desde o mês de janeiro, a Diretora leva reclamações para a SEC para que a SEC tome providências no sentido de coibir os problemas que continuam acontecendo naquela Escola e que colocam em risco a vida das crianças. A SEC não faz absolutamente nada, Ver. Pedro Américo Leal. E, por incrível que possa parecer, com medo de que as crianças pudessem sofrer algum problema maior, a Diretora da Escola Dom Diogo de Souza acabou interditando essas salas. E de uma dessas salas, onde deveriam estar reunidas as crianças para terem aula, caiu o teto. Não fosse a providência da Diretora, hoje, nós estaríamos chorando a morte de muitas crianças na Dom Diogo de Souza, exatamente por causa de uma displicência e de uma negligência do pessoal da Secretaria de Educação e Cultura aqui do nosso Estado. Nós fomos lá, Ver. Estilac Xavier, muito embora V. Ex.ª diga que essa não é a função do Vereador, que a função do Vereador não é atender às suas comunidades. Mas eu ainda vou insistir que esta vai ser sempre a função deste Vereador. Este Vereador, quando chamado, irá até as comunidades para ver o que está acontecendo.

Ver.ª Sofia Cavedon, que veio aqui a esta tribuna alardear que a educação deste Estado é modelo para o resto do Brasil, saiba que lá na Dom Diogo de Souza – e não é muito diferente do que acontece nas outras escolas – faltam professores seguidamente! E para que V. Ex.ª fique realmente assustada com a situação da nossa Cidade e do nosso Estado, em matéria de educação, V. Ex.ª, que eu acredito que não tenha ido muito às escolas: lá na Dom Diogo de Souza, noventa alunos estão agrupados numa sala recebendo aula! E eu pergunto para os especialistas em educação aqui neste plenário e nesta Cidade: qual é o aluno que consegue aprender no meio de uma turma de noventa alunos? Noventa alunos! Ver. Estilac Xavier, isso é que eu gostaria que V. Ex.ª viesse me responder aqui. Constatação - não é denúncia: é o que está acontecendo hoje no Dom Diogo de Souza. E eu recebo como resposta, quando falo de água com fezes, lá na Lomba do Pinheiro, ou quando falo em doze salas fechadas na Escola Dom Diogo de Souza e em noventa alunos reunidos numa só sala recebendo aula, que essa não é a função do Vereador! É a resposta que eu recebo! Eu gostaria de receber muito mais! Eu gostaria de receber, como resposta, que o DMAE vai verificar o que está acontecendo lá na Lomba do Pinheiro, ou que a SEC vai verificar de perto o que está acontecendo lá na Dom Diogo de Souza e fazer as reformas necessárias para que os alunos não morram, assim como poderiam morrer aqueles alunos da Escola Dom Diogo de Souza, se não fosse interditada a sala, pela Diretora, onde caiu um teto, pesadamente, sobre as cadeiras onde deveriam estar sentadas as crianças. E as crianças foram retiradas de lá, não por causa de algum laudo da SEC ou dos engenheiros da SEC, ou dos arquitetos, não. Eles não tomaram conhecimento. Eles foram até lá e não deram nenhuma resposta para a diretora. Nenhuma. O que eles fizeram, simplesmente, foi deixar aquelas crianças a sua própria sorte. E aí os líderes do PT vêm a esta tribuna e dizem: “Mas isso não é função do Vereador.” E eu tenho que fechar os meus olhos, fechar os meus ouvidos para simplesmente cumprir aquilo que o Ver. Estilac Xavier e seus companheiros acreditam que seja a função do Vereador: é espiar a banda passar para ver o que vai acontecer no futuro. E, infelizmente, esta Cidade está afundando a cada dia que passa. E nós vamos lutar a cada momento para impedir que isso que o PT está fazendo com a nossa sociedade, que essa implosão na sociedade, que isso realmente possa, algum dia, ter uma parada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. ESTILAC XAVIER (Questão de Ordem): Estou baseado no Regimento da Casa, no seu art. 184, seu parágrafo único, em razão da manifestação do Ver. Luiz Braz, que, usando o tempo de Líder, fez expressa manifestação a respeito de atitude deste Vereador em ação no Plenário. Portanto, eu estou pedindo tempo de cinco minutos para me pronunciar, com base no art. 184, parágrafo único.

 

 O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Vereador, está indeferido o seu pedido. Foi em Comunicação de Líder. V. Ex.ª tem o período de Comunicação de Líder do seu partido para fazer a mesma manifestação.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, eu quero sustentar, Sr. Presidente, que o período de Comunicação de Líder é tempo de comunicação de líder, mas não é para manifestações em relação à manifestação de um Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):V. Ex.ª tem o tempo do seu Partido para fazer a contraposição.

 

O SR. ESTILAC XAVIER (Requerimento): Eu peço a vênia de V. Ex.ª para que haja pronunciamento da Diretoria Legislativa sobre esse assunto e da Procuradoria da Casa, na interpretação do art. 184. E vou fazê-lo por escrito.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Casa do Artista Rio-Grandense convida a todos para um ato de solidariedade “Noite de arte apaixonada e de total solidariedade da comunidade gaúcha e dos artistas de teatro, música, dança, circo e variedades” , pela recuperação da Casa do Artista, no Teatro São Pedro, no dia 23 de abril, terça-feira, às 20h. Todos estão convidados para participar da “Noite de arte apaixonada”.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, entramos na

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL

 

(discussão: todos os Vereadores/05minutos/com aparte;

encaminhamento: autor e bancadas/05 minutos/sem aparte)

 

PROC. 3454/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 236/01, de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão, que dispõe sobre o fornecimento de troco nos estacionamentos rotativos pagos, em vias e logradouros públicos, no Município de Porto Alegre.

 

Parecer:

- da CCJ. Relator Ver. Nereu D'Avila: pela rejeição do Veto Total.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 77, § 4º, da LOM;

- votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.

 

Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:

SIM – aprova o Projeto, rejeita o Veto;

NÃO – rejeita o Projeto, aceita o Veto.

- Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em discussão o PLL n.º 236/01, com Veto Total. O Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir.

 

O SR. ADELI SELL: Vereador José Fortunati, Presidente desta Casa. Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. A chamada de atenção da Ver.ª Clênia Maranhão sobre o problema da falta de troco nos estacionamentos rotativos da nossa Cidade, conhecidos aqui como “área azul”, agora, de fato, os parquímetros, foi e continua sendo correta, porque evidentemente nós precisamos ter um atendimento para todos os cidadãos quando se utilizam de um serviço, e que esse serviço seja prestado com eficiência, com muita qualidade e que não atrapalhe a vida dos cidadãos. Diante de fatos que ocorreram, da falta de troco, a Prefeitura, chamada a sua atenção, como fez a Vereadora com esse Projeto, e não foi a única diga-se de passagem; outros Vereadores também cobraram essa questão, eu mesmo, por vezes e vezes, recebi reclamações, a Prefeitura dispunha de um determinado tipo de equipamento e tomou atitudes. Inclusive, nesta semana, mais precisamente na segunda-feira, os jornais da Capital estamparam fotografias, manchete e matéria contundente, mostrando que esse problema já está encaminhado.

Eu diria, apesar de concordar e defender, diferente de alguns colegas meus, inclusive da minha Bancada, os projetos autorizativos, acho que, neste caso, não seria necessário fazer um projeto de lei. Tratava-se muito mais de fazer uma demanda junto à EPTC, e até mesmo à empresa terceirizada, que venceu a licitação, porque, muitas vezes, apenas cobramos de um lado. É evidente que, se há uma licitação, e se o serviço for público e de permissão ou de concessão, nós temos de cobrar, em primeiro lugar, do Poder Público. Mas isso também não nos ilide do dever de cobrar de quem ganhou a licitação, porque ele também é parte responsável, pois assinou um documento se comprometendo em prestar um serviço dentro dos parâmetros que acabei de colocar aqui. Portanto, não nos parece mais necessária essa questão, esse Projeto. Não vou entrar nos detalhes de organicidade, de constitucionalidade do Projeto da Vereadora. Eu vou apenas salientar que nós estamos permanentemente atentos a tudo o que acontece na Cidade. Afinal de contas, o nosso Partido foi eleito quatro vezes nesta Cidade, e tem, cada vez mais, Ver. João Antonio Dib, como V. Ex.ª já teve no passado, a responsabilidade de cuidar de todas as questões da cidade. A Cidade fica cada vez mais complexa; o mundo se torna cada vez mais complexo; diante disso, temos de ter mais ousadia, mais cuidados, mais perseverança em colocar na mão dos agentes públicos a responsabilidade de dar retorno às demandas das comunidades, de resolver os seus problemas.

Faço um parêntese aqui, porque se torna necessário, nesta plenária desta manhã de sexta-feira, já entrando na tarde, para que se discuta, sem paixões político-partidárias, as questões da Cidade, porque, infelizmente, hoje, pela manhã, tivemos alguns momentos que descambaram para uma simples disputa político-partidária e não para a discussão do mérito dos projetos e sobre o que está em pauta ou na agenda deste momento na Cidade de Porto Alegre. Por isso, nós acompanhamos o Sr. Prefeito Municipal com o seu Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos lembrar que, de acordo com Memorando n.º 92/02, do Serviço de Obras e Manutenção da Casa, já foi solicitado, eu estou renovando, para as Sr.ªs e Srs. Vereadores, que deixem as gavetas de suas mesas deste Plenário abertas e desocupadas após a Sessão de hoje para a substituição das referidas gavetas, serviço esse a ser realizado após o encerramento dos trabalhos. Solicitamos que, por favor, deixem as suas gavetinhas abertas.

 

O Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, vou analisar em dois aspectos: ela quer obrigar o troco no estacionamento rotativo. Esses dias nós fizemos aqui uma discussão sobre as Áreas Azuis, Projeto do Ver. Pedro Américo Leal, meritório, nós votamos contra, porque entendemos que adentrava nas competências do Prefeito, garantido pela Constituição local, a Lei Orgânica, no seu art. 94, inc. IV. O mesmo pecado comete a proposta da Ver. ª Clênia Maranhão. Ela tem mérito na preocupação, mas, vejam, Srs. Vereadores, a Vereadora não só entra na seara da competência do Executivo, como desconhece um outro fator da Lei Orgânica, ou seja, que, para se dar isenção de tarifa, como é o caso, segundo o seu art. 2.º, na falta de troco, o usuário vai ficar, no período desejado, sendo desobrigado de pagamento. Fere o art. 113 da Lei Orgânica do Município, entrou na competência e legislou sobre tributo na área da tarifa.

Segundo, a ação do Vereador é limitada, eu reconheço; agora, a principal ação é a fiscalização. Levantar as questões para o Executivo e apresentar para ele os limites de alguma atitude administrativa é correto, desejável e absolutamente certo. Agora, desconhecer por desconhecer o que está sendo feito para produzir efeitos políticos na Cidade, aí é condenável.

No dia 15 de abril de 2002, foi publicada uma matéria no jornal Correio do Povo, que é uma matéria conseqüente a uma outra que referia que o Município está instalando máquinas para dar troco para o usuário da área do parquímetro, e o Projeto da Vereadora, que é de 2001, poderia ter sido retirado, tranqüilamente. A sua preocupação, Vereadora, não é só sua, mas de todos, está aqui.

O Ver. Pedro Américo Leal fez um Projeto com a preocupação, aliás, por coincidência, no mesmo dia, com relação à questão da Área Azul e os benefícios aos moradores que não têm garagem, com a redução do valor da tarifa para 0,25, podendo ir até a gratuidade, num tempo limitado. Coincidentemente, o jornal trata dessas duas matérias ao mesmo tempo, e a Vereadora mantém o seu Projeto, e aí nós vamos discutir sobre a ação da EPTC, a Área Azul, o parquímetro, vamos albergar acusações que não se sustentam, como aquelas que ocorreram aqui, muitas delas, ontem, na Comissão de Defesa do Consumidor e Direitos Humanos, a qual a Ver.ª Clênia Maranhão preside.

Isto aqui é mudança de atitude frente ao espaço público, à Área Azul, ao parquímetro. É mudança de atitude da Administração instalar uma máquina para fornecer troco. Está correto, Ver. Luiz Braz, é correta a preocupação da Vereadora, mas o que não podemos permitir, sob alegação da correção e do mérito, é que se retire poderes e competências do Executivo, como não admitimos a retirada de poderes de competência do Legislativo. As idéias não têm donos, podem estar aqui, como podem estar lá, mas a atribuição de fazer, a competência de fazer não é nossa, e volta e meia os Vereadores, no caso aqui a proposta Ver. Clênia Maranhão, incidem. Quem quer fazer tem que disputar a eleição em Porto Alegre e ganhar a eleição do Executivo. Vereadora, as eleições estão aí, vosso Partido já nem sei se participou uma vez da eleição, porque o seu Partido é novo. Mas V. Ex.ª já participou de várias. Agora, nós estamos discutindo aqui, Vereadora, é a competência legal. V. Ex.ª já produziu, e eu vou concluir, Sr. Presidente, porque o meu tempo está se esgotando. Eu só afirmo o seguinte, Vereadora: Sua idéia tem mérito, mas o meio que V. Ex.ª usou, de obrigar o Executivo a instalar uma máquina, o que ele já está fazendo, que, aliás, nem está especificado, o seu Projeto inverte os Poderes, desequilibra a harmonia dos Poderes e invade o Executivo. E já existe solução para o que V. Ex.ª está querendo. Portanto, eu concluo, Sr. Presidente, com esta última frase: V. Ex.ª está repicando aquilo que já existe, por isso nós somos pela manutenção do Veto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu vou aqui repisar um argumento que eu tenho utilizado nos últimos tempos, e que o Ver. Estilac Xavier, para argumentar a sua contrariedade ao projeto da Ver.ª Clênia Maranhão, utilizou-se desta tribuna, e não pode passar em julgado. Então, o Ver. João Antonio Dib estava inscrito antes de mim, eu pedi ao Ver. João Antonio Dib que, por favor, me deixasse antecedê-lo para que eu pudesse responder ao Ver. Estilac Xavier, porque eu penso que é grave esse entendimento do Ver. Estilac Xavier.

O problema da cobrança dos parquímetros, de como é feita, isso, na verdade, é calculado por meio da tarifa. E isso não é um tributo. E se não é tributo, Ver. Estilac Xavier, não pode ferir o art. 113 da Lei Orgânica do Município. Então, esse artigo aqui: “Na falta de troco, o usuário poderá estacionar o seu veículo na área de estacionamento rotativo, pelo período desejado, ficando desobrigado do pagamento da tarifa respectiva.” Ora, isso jamais vai ferir o art. 113 da Lei Orgânica, porque isso é tarifa, é preço público. Então, nós não temos aqui o art. 113 incidindo sobre esse item da lei de autoria da Ver.ª Clênia Maranhão. É aquela discussão que nós já fizemos aqui, Ver. Estilac Xavier, a respeito do problema da água. Não é que existam dúvidas. Poderia alguém dizer assim: “Não, existem dúvidas, há uma corrente da doutrina que pensa de um jeito e uma corrente que pensa de outro jeito.” Não! Isso é da doutrina, isso é da jurisprudência, isso no entendimento geral. Tarifa não é tributo; tarifa é preço público. O tributo tem uma definição lá no Código Tributário Nacional, e é bom que todos os Vereadores possam ler aquela definição, tem de ter compulsoriedade, pagamento em pecúnia, tem uma série de atributos que definem o que é tributo e o que é tarifa. Então, eu só faço essa correção na fala de V. Ex.ª, quando mostrava suas contrariedades ao Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão. V. Ex.ª falou em tributo e falou que feria o art. 113 da nossa Lei Orgânica, e isso, na verdade, não ocorre, Ver. Estilac Xavier. Com muito prazer lhe concederei um aparte. Não lhe vou fornecer quinze segundos, como V. Ex.ª fez comigo, de uma forma muito deselegante, porque eu lhe havia fornecido bem mais apartes; eu forneço o aparte para que V. Ex.ª se explique.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço-lhe pelo aparte, mas eu lhe dei quinze segundos, naquele momento, porque eu tinha dado dois apartes e no total já fechava. Mas é o seguinte: eu, quando usei a palavra “tributo”, e reconheço estar correta a sua colocação de que tarifa não é tributo, é porque eu me baseei na Seção II, “Das Limitações do Poder de Tributar”, que diz, no seu art. 113: “Somente mediante lei aprovada por maioria absoluta” – e é necessária maioria absoluta -, “será concedida anistia, remissão, isenção ou qualquer outro benefício ou incentivo”, que é o artigo 2.º da Lei da Ver.ª Clênia Maranhão, e incide sobre pagamento de tributo e isenção de tarifa, que é o caso, é um preço público. O parquímetro é um preço público.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sim, mas quando nós falamos nesta proibição às isenções, estamos nos baseando na Lei de Responsabilidade Fiscal, que fala dos tributos. Sempre que nós falarmos nesta proibição de isenções, de anistias, com leis especiais, sempre que falarmos nisso, estaremos falando, na verdade, nos tributos, na arrecadação oficial. Como nós estamos falando em tarifa, como a tarifa é preço público, o administrador pode, sempre, tanto para cima, como para baixo, mexer, tanto é que tem mexido seguidamente. É o caso, por exemplo, da água, Ver. Estilac Xavier, quando, nos últimos dois meses, o Prefeito, sem passar por esta Casa, fez a alteração do preço.

 

O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª concorda de que é preciso lei específica, com maioria na Casa, para, por iniciativa de Vereador ou do Executivo, estabelecer isenção de tarifa, que é o caso do parquímetro?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Eu pediria que V. Ex.ª lesse todo o artigo, e V. Ex.ª verá que está vinculado, na verdade, às leis tributárias, e aí a vinculação às leis tributárias... Porque acontece o seguinte, Ver. Estilac Xavier, se na tarifa, na natureza da tarifa, o administrador pode mexer, pode decretar, pode fazer portaria, pode baixar e pode subir aquilo que está regulado por tarifa... Tanto é que a ação do Ver. Sebastião Melo, assinada por outros Vereadores desta Casa, não prosperou no judiciário. Eu dizia, aqui desta tribuna, inclusive, respeitando toda a inteligência do Ver. Sebastião Melo, que essa não prosperaria e não quis assinar. Foi me oferecido para que eu acompanhasse aquele grupo de Vereadores até o Ministério Público e eu me neguei a ir exatamente porque tenho consciência de que, com relação à tarifa, o administrador tem liberdade para mexer, tanto para cima como para baixo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para discutir o PLL n.º 236/01, com Veto Total.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, é tão difícil construir o simples que até hoje ninguém mudou o Parabéns a Você. O mundo inteiro, dos dois aos noventa anos, canta o Parabéns a Você até sem saber quem é o autor da música, porque esse é desconhecido. Agora, a simplicidade não deve chegar a extremos, como é o caso de algumas justificativas de S. Ex.ª, o Sr. Prefeito que deixou a Cidade, para vetar essa ou aquela matéria. O veto só pode acontecer por duas razões: contrário ao interesse público ou inconstitucional, inorgânico, portanto. Só! Fora isso, o Prefeito não tem autoridade para vetar. Eu, uma vez, disse aqui, na tribuna, que me dispunha até a auxiliar, lá na Prefeitura, sem ônus nenhum, nas respostas aos pedidos de informações e nos vetos que aqui são encaminhados. Puxa, como me incomodei! Tive um debate epistolar com um jovem Procurador que, depois, acho até que ficou meu amigo. Mas, na realidade, o Prefeito diz que o Projeto da Ver.ª Clênia Maranhão tem mérito. Absolutamente certo o Prefeito, porque não posso dizer que ele está errado, quando ele está certo, mas é só no que ele está certo, porque ele não diz que é inorgânico. Ele disse que no artigo 24 do Código Nacional de Trânsito consta que cabe ao Município fazer a utilização do parquímetro. É verdade. Mas isso não tem nada de novidade, nós sabemos. Ele fala que o artigo 8.º, inciso VII e XIV, que diz: “Cabe ao Município” – ao Município, não ao Prefeito; Município é o Legislativo e o Executivo – “dispor sobre a administração, utilização e alienação dos seus bens, tendo em conta o interesse público.”  A Vereadora está buscando solução para o interesse público. Diz ele que: (Lê.) “Regulamentar e fiscalizar a utilização dos logradouros públicos, especialmente no perímetro urbano.” A Vereadora está fazendo isso! Segue ele adiante, dizendo que, no artigo 94, inciso IV, é “Das Atribuições Exclusivas do Prefeito”, consta: (Lê.) “Dispor sobre a estrutura, a organização e o funcionamento da administração municipal.” A Vereadora não está interferindo na administração do Município. Portanto, eu acho que, se eu fosse Prefeito - e eu vetei algumas vezes quando Prefeito, mas como Secretário do Governo, eu antes lia tudo muito bem lido para levar ao Prefeito e ler com o Prefeito outra vez para não fazer essas barbaridades. Só que eu estava sempre na Prefeitura, tanto como Secretário do Governo, tanto como Prefeito, eu não saia, é a minha missão, a minha responsabilidade era a Cidade e a solução dos seus problemas. Eu jurei no primeiro dia que eu não criaria nenhum novo problema, e tenho a tranqüilidade de dizer que não criei problemas para esta Cidade. Agora, tem algumas coisas que, na realidade, me deixam imensamente preocupado.

O mundo inteiro, quando têm as caixas que vendem bombons, cigarros , Coca-Cola e outros refrigerantes, enfim, têm máquinas para fazer troco, para que a população possa utilizar aquele serviço que está colocado à sua disposição. Nós temos em Porto Alegre uma Lei que chama-se Lei do Troco. Se o indivíduo entrar no transporte coletivo e tiver uma nota de cem reais, ele terá recolhida essa nota para a empresa, que depois dá o troco. O cobrador não é obrigado a dar o troco, mas para uma nota de dez reais ele é obrigado a ter troco; se não tiver, não paga passagem. Então, a Vereadora também não está inovando.

Mas eu disse que alguma coisa me preocupava, porque alguns dias atrás eu afirmei e reafirmo agora que os parquímetros, o seu edital de concorrência portava uma fotografia, já sabia quem seria o vencedor. Já se sabia. E agora a Administração diz aqui, como grande argumento, que é absurdo até, mas está escrito aqui, eu tenho que ler. “Que por derradeiro cumpre salientar que a exploração dos parquímetros constitui uma concessão de serviço público em que as condições contratuais estabelecidas entre a Administração Pública e a Empresa concessionária foram compactuadas através de processo licitatório, sendo que qualquer modificação das mesmas poderá acarretar prejuízo ao Poder Público.”

Realmente, quem fez o edital ganhou a concorrência. Não tinha opositor prévio, então deve ter colocado as condições que queria. Mas o interesse público é maior do que o contrato, e não se pode privar a pessoa de estacionar porque não tem troco. Cabe, em vez de ter uma pessoa multando, quem sabe ter uma pessoa com uma sacolinha com dinheiro e troque por moedas. Saúde e paz! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Visivelmente não há quórum. Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 13h07min.)

 

* * * * *